Plen..rio do Senado Federal durante sess..o deliberativa ordin..ria. Per..odo do expediente. ..Em discurso, .. tribuna, senadora Damares Alves (Republicanos-DF)...Foto: Jefferson Rudy/Ag..ncia Senado
     -  (crédito:  Jefferson Rudy/Agência Senado)

Plen..rio do Senado Federal durante sess..o deliberativa ordin..ria. Per..odo do expediente. ..Em discurso, .. tribuna, senadora Damares Alves (Republicanos-DF)...Foto: Jefferson Rudy/Ag..ncia Senado

crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) acusou brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de causarem os incêndios que assolam o país. Mais cedo, nesta quarta-feira (18/9), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por supostamente atacar o trabalho do Corpo de Bombeiros de Brasília no combate aos focos de fogo.

 

“Querem acusar a direita e o agro de incendiários”, disse, durante sessão deliberativa do Plenário no Senado Federal, pedindo para que o governo federal reveja as práticas do Ibama e do ICMBio. “O Xingu está em chamas porque os brigadistas estão fazendo uso das queimas prescritas”, afirmou Damares.

 

 

A parlamentar pediu para que o presidente Lula “cuidasse do Ibama e do ICMBio, das Forças Armadas, e deixasse que o DF cuide do Corpo de Bombeiros”. E elogiou o CBMDF: “ouso dizer que são os melhores do mundo”.

 


Ambientalistas das instituições mencionadas como responsáveis pelos incêndios pela senadora Damares disseram ao Correio que essa prática não é feita nesta época do ano, portanto, as acusações não são verdadeiras. Segundo especialistas, as queimas prescritas são recursos utilizados pelos brigadistas do Ibama e do ICMBio no fim da estação chuvosa e no início da seca, quando o solo ainda está úmido e frio por conta das chuvas. A técnica faz parte do Manejo Integrado do Fogo (MIF), e é utilizada para prevenção de incêndios.

 

 

O analista ambiental Bruno Cambraia, do ICMBio, conta que as queimas prescritas são como um remédio de prevenção aos incêndios, porque elas acabam com o ‘combustível’ presente em áreas de vegetação nativa para frear o fogo durante os períodos de seca crítica, “assim, quando o incêndio chega onde já foi queimado pela interferência do MIF, ele para”.

 

Cambraia, que participa da seleção e treinamento de brigadistas que atuam com o manejo integrado do fogo em unidades de conservação (UC), reforça que “essa prática jamais é utilizada durante períodos críticos de seca”.


 

Combate à desinformação

 

Citados por Damares, tanto o Ibama quanto o ICMBio se manifestaram. "É um absurdo e fantasiosa essa acusação. Os brigadistas florestais são profissionais treinados para prevenir e combater os incêndios florestais e estão trabalhando de forma árdua e corajosa", afirmou ao Correio Jair Shmitt, diretor de Proteção Ambiental do Ibama.

 

O ICMBio, por sua vez, quis destacar um pronunciamento do presidente do ICMBio, Mauro Pires, durante visita ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em 12 de setembro. Na ocasião, ele reforçou a importância do combate à desinformação e mencionou a existência de vídeos antigos que têm sido compartilhados on-line e que acusam os brigadistas de serem os causadores de incêndios.

 

“Algumas vezes, nos combates aos incêndios, utilizamos o equipamento chamada pinga-fogo, que serve para realizar queimas da vegetação em situações absolutamente controladas, para realizar o contrafogo. Essa é uma técnica utilizada internacionalmente e demanda conhecimento específico que faz parte do treinamento de nossas brigadas. Ela é reconhecida como efetiva nas situações em que o fogo avança em direção a áreas sensíveis. Para evitar o pior, é utilizado o fogo no capim para deter o avanço do incêndio. Mas de maneira nenhuma pode-se atribuir aos brigadistas, que estão colocando suas vidas em risco nos combates, a responsabilidade pelos incêndios”, declarou.

 

Professora da Universidade de Brasília (UnB), Isabel Schmidt, que é especialista em MIF pelo projeto de pesquisa científica Rede Biota Cerrado, reforça: “O objetivo das queimas prescritas é evitar incêndios, não causá-los e, por isso, são realizadas no fim da estação chuvosa e no início da seca”.

 

Os incêndios que ocorrem em diversas regiões do país estão sob investigação das polícias Federal e Civil por apresentarem indícios de serem criminosos. Segundo ambientalistas e cientistas ambientais, não há possibilidade de incêndios naturais nesta época do ano. Schmidt explica que as únicas causas de incêndios naturais são provenientes de ação de raios ou vulcões. 

 

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“Aqui, no Brasil, não temos o vulcão, então o raio é a única opção. No Cerrado, por exemplo, durante o período de chuva, há incidência de queimadas naturais por conta dos raios. Isso também serve para outros biomas, como o Pampas e o Pantanal. O que não acontece no período de seca, porque não há chuvas e, portanto, não há raios”, detalha.

 

Damares também responsabilizou, hoje, o governo federal pela greve do Ibama e do ICMBio nos últimos meses e afirmou que os bombeiros da capital não fizeram greve porque “o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB-DF), cuida bem deles”.