Deputado e presidente da comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Sargento Rodrigues (PL) tem sido a voz mais ativa na defesa dos servidores da segurança dentro do Parlamento mineiro.
Crítico assíduo do governador Romeu Zema (Novo), o militar da reserva não se esconde ao expressar sua opinião sobre os rumos da política pública e afirma que o investimento do Executivo é “vexatório e pífio”.
No meio do seu sétimo mandato como deputado estadual, Sargento Rodrigues concedeu entrevista ao Estado de Minas e falou sobre a atual situação da segurança pública no estado, questionou a relação de Zema com a direita, criticou a possível privatização da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e defendeu a expansão dos Colégios Tiradentes da Polícia Militar.
Situação da segurança pública
Segundo Rodrigues, a segurança pública de Minas Gerais passa por dois problemas sérios: falta de recursos e o baixo efetivo de agentes. Sem entrar em detalhes técnicos e números, o militar da reserva ressaltou que esses buracos estão causando o aumento da criminalidade no Estado e deveriam acender o alerta no governo.
“Quando a gente pega a rubrica de investimentos que são feitos pelo Tesouro do Estado, aquilo que Minas Gerais aporta tem sido migalhas. Isso tem consequências graves em termos de equipamentos, em termos de viaturas, ferramentas à disposição de todos os servidores da segurança. O outro ponto nevral se chama efetivo. Eu lembro que em 2010 nós tínhamos 47 mil homens e mulheres na ativa. Estamos em 2024, 14 anos depois, nós temos 38 mil servidores. Em 14 anos nós tivemos um crescimento populacional e o crescimento de diversos crimes. Eu trouxe o dado da Polícia Militar, mas esse problema é mais grave na Polícia Civil, que deveria ter 17 mil servidores e tem 10,5 mil. Ao faltar essa presença de policiamento a população sente o crime recrudescer, e os números de homicídios tem aumentado vertiginosamente. Esse alerta era para estar acesso, mas a gente não vê tratativas do governo no sentido de melhorar a questão, o que a gente vê é o esforço dos policiais. O investimento é vexatório, pífio, e isso vai impactar a qualidade do serviço que é prestado”, disse o deputado.
Zema, a direita e os militares
Questionado sobre como balança o apoio de militares ao governador Romeu Zema (Novo) em disputas eleitorais contra a esquerda, Sargento Rodrigues revelou que nunca votou no político do Novo. O militar ainda questionou a relação do chefe do Executivo mineiro com a direita, e disse que não abre mão de defender os militares.
“Eu sou fruto de uma greve de policiais em 97. Eu não abro mão desse compromisso. Se a minha mãe, que é minha grande heroína, disser para não defender esse povo, é a única coisa que vou desobedecer. Defender a classe da segurança é um compromisso de honra, não será nem partido, nem governo algum que me tira essa bússola. Eu sou deputado de direita sim, até porque eu sou policial, e onde está a parte mais conservadora está nesse espectro social, mas o Zema engana bem nesse aspecto. Por exemplo, ele deixa passar coisas de ideologia de gênero na Assembleia. Que governo de direita é esse? Ele poderia pedir a base (para vetar). Ele não é esse governador de direita que às vezes tanto prega que é, tanto que na primeira e na segunda eleição ele não teve uma postura firme, ele ficava mais no centro para ganhar votos dos dois lados, bem diferente do Bolsonaro”, declarou.
Privatização da Cemig
Segundo o deputado do PL, ser a favor de privatizações não é uma característica específica da direita, mas mesmo o fato de estar alinhado com essa ideologia não significa concordar com tudo. Ao defender a Cemig, Sargento Rodrigues disse não acreditar em investimentos da empresa em regiões menos abastadas no caso de uma venda para o setor privado.
“Vamos para o mundo prático. A gente vende a Cemig, será que lá no Vale do Jequitinhonha ela vai fazer o desenvolvimento e investimento nessa região mesmo sendo do setor privado? Ou nos municípios de Norte de Minas, Vale do Mucuri, será que vão fazer os investimentos? Não vão. O mercado vai para onde gera mais lucro, então eles vão ficar no Sul de Minas, Zona da Mata, Triângulo, Sudoeste, Alto Paranaíba. Mas no Noroeste, Norte, Jequitinhonha, essas empresas não terão a mesma atenção. É aí que entra o estado, ele é quem vai dizer: ‘essa região tem que ter o desenvolvimento, nós temos que levar energia elétrica’. Então eu não posso concordar (com a privatização), a não ser que durante a tramitação a gente consiga fazer um arranjo jurídico que garanta investimentos muito cristalinos, mesmo assim ainda vou olhar com muito cuidado”, disse Sargento Rodrigues.
Colégio Tiradentes
Recentemente, Rodrigues articulou a aprovação de um projeto que permite a expansão dos Colégios Tiradentes da Polícia Militar em Minas Gerais. De acordo com o deputado, a instituição cumpre um importante papel social ao ajudar o policial a se fixar em regiões afastadas, além de valorizar a região e destinar uma parte das vagas para os filhos de civis.
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“O Colégio Tiradentes tem uma função social muito importante que muitas vezes não é enxergada pelos olhos míopes. Ele faz com que o policial fique fixado naquele lugar. Por exemplo, Unaí, no Noroeste, quando você leva um policial para lá é difícil fixar. Mas quando você leva o Colégio Tiradentes, ele vai ter mais tranquilidade porque o filho está matriculado em uma escola boa, com ensino de qualidade e protegido. Ainda tem a questão financeira, o policial não paga, e isso pesa no bolso de um policial que hoje recebe R$ 4.400 líquido. Eu vou dar a notícia aqui em primeira mão que a próxima escola Tiradentes a ser criada será em Ribeirão das Neves. É uma política pública acertada do comando da PM”, exclamou.