Ano novo, vida nova. O chavão que tenta conferir a abertura de um novo calendário algum significado de mudança além da alteração de um dígito tem, de fato, algum significado prático para quem anseia por mudanças na BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares. O trecho, conhecido como ‘Rodovia da Morte’, encerrou um ano histórico para viabilizar as obras de duplicação da via, que se notabilizou pela constância quase perene de engarrafamentos e acidentes graves. Os avanços, no entanto, se limitaram aos aspectos burocráticos, e a expectativa para o novo ciclo de 365 dias que se inicia hoje é de que o que se firmou no papel ganhe forma no asfalto.
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A Rodovia da Morte começou em 2024 como pauta prioritária. Em fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez sua primeira visita a Minas Gerais durante a atual passagem pelo Palácio do Planalto. Na comitiva de ministros que acompanharam o petista, o responsável pela pasta de Transportes, Renan Filho (MDB-AL), teve mais espaço sob os holofotes ao anunciar que a BR-381 entre BH e Valadares passaria pelo terceiro leilão em três anos consecutivos com uma grande novidade: o trecho entre a capital mineira e Caeté teria as obras custeadas pelo governo federal, eximindo a concessionária interessada em administrar a estrada de realizar intervenções no ponto mais crítico da pista.
É na parte mais próxima a Belo Horizonte que se concentra a maior parte dos riscos geológicos e, especialmente, onde será necessária a remoção de milhares de famílias que vivem às margens da pista para viabilizar a duplicação.
A boa vontade com o setor privado parece ter surtido efeito. No fim de agosto, após dois leilões sem nenhuma empresa interessada em 2022 e 2023, a terceira investida terminou com o fundo de investimentos 4UM garantindo o direito de administrar o trecho pelos próximos 30 anos.
Os trâmites da contratação de empreiteiras para realizar as obras entre BH e Caeté também avançaram ao longo do ano. Dividido em dois lotes, um a partir de Ravena e outro no chamado ‘gargalo’ da chegada e saída da capital, os editais de licitação foram publicados, empresas enviaram propostas e um dos contratos já foi assinado. Ao todo, o governo federal desembolsará quase R$ 1 bilhão para as intervenções que devem ser entregues em um prazo de três anos.
Com vários ajustes, modernizações de editais que flertam com a leniência com a iniciativa privada e em meio a uma onda de concessões capitaneada pelo Ministério dos Transportes, o fato é que, em 2024, a Rodovia da Morte teve um ano decisivo após décadas de indefinição. O otimismo domina o humor entre quem atua nos bastidores pelas obras na estrada, caso do Movimento Pró-Vidas BR-381.
O Pró-Vidas reúne ativistas pela segurança na estrada, prefeitos de cidades por ela cortadas, associações de comércio e indústrias da região que dependem da 381 como via para escoar a produção e receber mercadorias. Diante da grande movimentação relacionada à Rodovia da Morte em 2024, eles decidiram entregar premiações a nomes que atuaram nos processos burocráticos para as obras na via. Segundo o criador e coordenador do grupo, Clésio Gonçalves, mais que laurear as autoridades, a ideia do ‘Troféu Trankilin’, nome do mascote do movimento, é deixá-las cientes de que suas atividades estão sendo alvo de escrutínio.
Receberam o troféu de ouro Renan Filho; o Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Antônio Augusto Anastasia; e o diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Guilherme Sampaio. Na categoria prata foram agraciados o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD); o secretário de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), Pedro Bruno Barros; o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Fabrício Galvão; e o superintendente do DNIT, Antônio Gabriel. (Bernardo Estillac).
Promessa é dívida
Romeu Zema (Novo) começa 2025 no vermelho não apenas no déficit de R$ 8,6 bilhões do orçamento. O governador traz para o novo ano duas promessas inusitadas não cumpridas. Uma delas foi feita em março, quando disse a alunos de ensino médio que chegaria de surpresa para almoçar em escolas da rede estadual e provar o sabor da merenda.
A outra foi feita em meio à euforia olímpica. Antes dos jogos de Paris, Zema prometeu aos atletas do estado que nadaria 500 metros na água gelada para cada medalha conquistada por um mineiro. Vôlei de praia e futebol feminino voltaram da Cidade Luz com um ouro e três pratas na mala, além da oportunidade de cobrar uma pequena maratona aquática ao governador.
(BE e Vinícius Prates)
Cassação na véspera da posse
O ex-vereador Rubão, primeiro suplente do Podemos, entrou com ação na Justiça pedindo a cassação do mandato de Lucas Ganem, um dos três parlamentares eleitos pelo partido. Na peça judicial, alega que o correligionário fraudou seu domicílio eleitoral, residindo em São Paulo, e não na capital mineira, como declarou. De acordo com o processo, o parlamentar eleito teria transferido o seu domicílio para BH apenas em fevereiro de 2024, declarando um endereço na Pampulha. No entanto, segundo o ex-vereador derrotado, o imóvel pertence a outra pessoa, sem evidências de que Ganem tenha morado no local. A ação pede, além da cassação, a inelegibilidade e a anulação dos votos. Caso Ganem perca o mandato, o suplente assumiria a vaga na Câmara. (VP)
Mudança nas regionais
No apagar das luzes de 2024, Fuad Noman (PSD) promoveu uma dança das cadeiras no comando das regionais de BH. O Diário Oficial do Município (DOM) de ontem traz a mudança de Antônio Carlos Xavier da Gama da coordenação da Regional Nordeste para a Pampulha. O posto vago foi preenchido por Manuel Arnesino Carlos, integrante da direção municipal do PCdoB, partido do vereador eleito Edmar Branco, que recentemente trocou seu voto para presidente da Câmara de Juliano Lopes (Podemos) para o governista Bruno Miranda (PDT). (BE)