O vereador Juliano Lopes (Podemos) venceu a disputa pela presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) contra o vereador Bruno Miranda (PDT), líder de governo do prefeito Fuad Noman (PSD) na Casa. O parlamentar foi eleito com 23 votos, contra 18 de Miranda. A votação aconteceu após a solenidade de posse de Noman, do vice-prefeito Álvaro Damião (União) e dos 41 vereadores eleitos, na tarde desta quarta-feira (1/1).
A Mesa Diretora do próximo biênio (2025-2026) será composta por Juliano Lopes, como presidente; Fernanda Altoé (Novo), primeira vice-presidente; Flávia Borja (DC), segunda vice-presidente; Pablo Almeida (PL), secretário-geral; Wagner Ferreira (PV), primeiro secretário; e Wanderley Porto (PRD), segundo secretário.
A vitória foi comemorada com empolgação pelo grupo da “Família Aro”, composto por parlamentares ligados ao Secretário de Casa Civil do Governo de Minas, Marcelo Aro (PP). Braço direito de Romeu Zema (Novo), Aro foi o principal articulador da candidatura de Lopes, sendo o responsável por reunir um grupo com 23 parlamentares que declararam apoio ao novo chefe do Legislativo no primeiro momento pós-eleições municipais.
Com a promessa da maioria dos parlamentares dois meses antes da votação, Lopes figurou como candidato único até meados de dezembro do ano passado, quando Damião assumiu o posto de articulador político para eleger Bruno Miranda. O vice-prefeito virou dois votos do grupo reunido por Aro a favor do pedetista: Lucas Ganem (Podemos) e Edmar Brabco (PCdoB).
O próprio Fuad Noman, que estava afastado das articulações em função de problemas de saúde, entrou na disputa e ligou pessoalmente para alguns vereadores para tentar conquistar apoios. O prefeito também chegou a dizer logo após a posse que não iria interferir na disputa, mas foi convencido pelos aliados, principalmente por Damião, a entrar no jogo.
A chapa de Bruno Miranda foi criticada por uma demora em anunciar a candidatura e iniciar as articulações. O parlamentar da base governista afirmou durante a solenidade que esperou a votação de projetos importantes para o Executivo na Câmara antes de se lançar como candidato, pois não queria “atrapalhar” o processo legislativo com as articulações políticas para a eleição da mesa diretora.
O grupo apoiador de Juliano Lopes ganhou outros apoiadores. Janaína Cardoso, correligionária de Damião, recuou o apoio a Bruno Miranda após romper com o vice que liderava a articulação. A parlamentar bandeou para o lado adversário devido a uma disputa com o vereador não reeleito Wagner Messias (União Brasil).
Janaína teria desistido do apoio a Bruno e rompido com Damião, pois uma das testemunhas do processo de abuso de poder político e econômico nas eleições que Messias move contra ela teria sido nomeada, recentemente, para um cargo no gabinete do vice-prefeito eleito, que também era vereador na última legislatura.
A bancada do MDB que apoiava Gabriel Azevedo (MDB) ficou sem posicionamento declarado até o último momento. Irlan Medo (MDB) contou ao Estado de Minas em outubro do ano passado que o grupo não foi convidado para a reunião que definiu o elenco da chamada Família Aro para a próxima legislatura, mas que estavam dispostos a dialogar.
Irlan ainda disse à reportagem que “não existe mais grupo do Gabriel”. Ciente da lacuna deixada pelo fim da liderança de Azevedo, Damião procurou os emedebistas para firmar apoio à candidatura de Bruno Miranda. No entanto, mesmo com as negociações, o grupo não divulgou se estaria com o líder do governo Fuad. Durante a eleição na Câmara, Loíde Gonçalves (MDB) foi anunciada como secretária-geral da chapa derrotada.
Críticas a Gabriel
Gabriel Azevedo deixou a chefia do Legislativo municipal sendo criticado por parte dos colegas. Seu autoritarismo, característica que o próprio reconhece, foi ressaltado por Flávia Borja (DC) em discurso no plenário. “Tempos tenebrosos ficaram para trás. Tínhamos um reizinho que se dizia democrata, mas era um ditador. Ele criou um conto de fadas para usurpar o poder e só usou esta cadeira em benefício próprio”, disse.
“O ex-presidente desta casa não cumpre palavra, por isso que ele é diferente desse rapaz que tá aqui do meu lado (Marcelo Aro). Se for fazer as contas, não era nem para ele ter conduzido até aqui, porque o combinado em 2022 era pra que eu fosse presidente em 2024”, afirmou o presidente eleito, Juliano Lopes, sobre Gabriel.
A vereadora e mãe do líder da Família Aro, Professora Marli (PP), também não poupou críticas a Azevedo e aproveitou para alfinetar Álvaro Damião. "A pessoa não muda de palavra, não, palavra é uma só. E articulador político pessoal ainda tem que aprender, porque até hoje, não em Belo Horizonte, não em Minas Gerais, mas no Brasil, só existe um articulador político que eu tenho muita honra de falar, meu filho, Marcelo Aro, os outros ainda têm muito que aprender. Você está no lugar de onde te tiraram", disse.
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‘Três traíras e três patetas’
Em seu discurso final, Juliano Lopes deu nome aos personagens que marcaram negativamente a campanha até a cadeira da presidência e os apelidou de “três traíres e três patetas”. Segundo Lopes, Bruno Miranda teria se comprometido a não entrar na disputa e, por isso, era um “traíra”. Os outros dois mencionados pelo parlamentar foram Lucas Ganem e Edmar Branco, que mudaram o voto após se comprometerem com a Família Aro.
“O pateta maior é o Damião, que não tem habilidade política e saiu oferecendo muitas coisas para os vereadores no apagar das luzes. Os outros dois eu não vou revelar”, afirmou Juliano Lopes. Nos bastidores, fontes ligadas a Marcelo Aro disseram ao EM que a declaração seria sobre o ministro Alexandre Silveira (PSD) e o deputado estadual João Vítor Xavier (Cidadania).