No primeiro dia após a eleição de Juliano Lopes (Podemos) para a presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte, o gabinete do parlamentar recebeu uma “romaria” de apoiadores. Rodeado pela galeria de retratos dos ex-presidentes no salão nobre da Casa, Lopes esteve no centro das atenções entre parlamentares e personagens dos bastidores, que foram até o Legislativo traçar planos e articulações para a gestão do parlamentar nos próximos dois anos.
A equipe do parlamentar informou que o fluxo de vereadores que foram conversar com o novo chefe do Legislativo era alto e “não paravam de chegar”. Segundo fontes ligadas ao presidente da Câmara, até o momento, apenas parlamentares da base de Lopes estiveram no local e nenhum vereador que votou em Bruno Miranda (PDT) para ocupar a principal cadeira da Casa passou por lá.
A bancada do PL que apoiou a eleição de Lopes e agora integra a chamada "Família Aro" também marcou presença pelos corredores da Câmara. O grupo composto pelos parlamentares Pablo Almeida, Cláudio Mundo Novo, Vile e Sargento Jalyson passou a manhã reunidos no local.
Transporte público
Lopes quer se mostrar como um presidente conciliador. “Queremos uma Câmara democrática que irá atender todos os 41 vereadores, harmônica e independente da prefeitura”, disse o líder da CMBH no primeiro dia do mandato.
Entre o discurso de independência do Legislativo e o desejo de não ser oposição ao Executivo, Lopes afirmou que seu primeiro compromisso será tentar cassar o decreto do prefeito Fuad Noman (PSD) que aumentou o preço das passagens de ônibus da capital de R$ 5,25 para R$ 5,75.
O único parlamentar de esquerda a integrar a mesa diretora junto com Lopes, Wagner Ferreira (PV), afirmou que a pauta do aumento do preço da passagem foi levada à Juliano por meio do bloco parlamentar Independência Democrática, composto por ele, Wanderley Porto (PRD), Michelly Siqueira (PRD), Diego Sanches (Solidariedade), Rudson Paixão (Solidariedade) e Leonardo Ângelo (Cidadania).
“Quando recebi o convite para compor a mesa, trocamos ideias sobre várias bandeiras importantes para a cidade. Por exemplo, o nosso Bloco Independência Democrática pediu a urgente revogação do aumento da passagem de ônibus. Ele acatou a proposta de imediato e vai colocar em discussão com os demais vereadores, pois essa é uma competência da CMBH”, contou Ferreira.
O bloco Independência Democrática é o primeiro a ser formalizado na Câmara Municipal para a próxima legislatura. A vereadora Michelly Siqueira será a líder do grupo, e Rudson Paixão assumirá a vice-liderança.
Wagner fez parte da base do Executivo na Câmara na última legislatura, mas garantiu seu apoio a Juliano Lopes no fim de outubro do ano passado, ignorando a candidatura de Bruno Miranda, líder de governo de Fuad no Legislativo. “Acredito numa Mesa democrática e independente. Falo por mim, que fui vice-líder do prefeito na legislatura passada e fiz campanha para Fuad e Damião, e só não serei base se a Prefeitura não quiser o apoio do nosso bloco parlamentar”, declarou.
Adaptação
A primeira vice-presidente da nova mesa diretora, Fernanda Pereira Altoé (Novo), disse ao EM que o grupo ainda não se reuniu para definir as prioridades para a gestão, mas que o encontro da nova composição deve ocorrer nesta sexta-feira (3/1). A parlamentar disse que seu foco será continuar dialogando com a população e atuando pela segurança pública da capital.
“Não quero fazer nenhuma antítese à gestão do Gabriel (Azevedo), mas vivemos dois processos de cassação, e não queremos isso mais. O primeiro projeto é de independência da Câmara e um ambiente mais saudável para os 41 vereadores”, disse Altoé.
Pablo Almeida, eleito como secretário-geral da nova mesa diretora, contou ao EM que irá encaminhar dois projetos ainda nesta quinta-feira para a Casa. “Um dos projetos é para gerar um endereço social para pessoas em situação de rua que querem trabalhar, o outro é para estabelecer uma faixa etária para as crianças participarem de blocos de carnaval. Já vou estar atuando nesse sentido, mas como mesa a gente ainda vai ter esse momento de sentar e alinhar”, disse o vereador.
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Mesmo com a Casa cheia já no início da legislatura, os parlamentares só começam a votar os projetos no dia 3 de fevereiro. Até lá, o grupo deve se adaptar às mudanças. “Estamos resolvendo algumas questões internas aqui da Câmara, porque essa mudança de presidência é algo que mexe em toda a estrutura da Casa. Então, a gente ainda vai ter esse momento de sentar para realmente avaliar todas as condições”, afirmou Almeida.