Romeu Zema (Novo) começa neste mês seu sétimo ano à frente de Minas Gerais. Na reta final de seus dois mandatos, o governador já viveu experiências das mais variáveis: teve no Palácio do Planalto um aliado ideológico e hoje tem o representante máximo do partido pelo qual nutre uma antiga e constante ojeriza; enfrentou uma Assembleia fechada aos projetos do Executivo e hoje lida com um Legislativo mais propenso ao diálogo; já defendeu o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) como a única via possível para sanar as dívidas bilionárias dos cofres mineiros e agora se rendeu ao plano articulado entre os poderes com protagonismo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD). Essas e muitas outras variações são comuns para um longo período de tempo e valida a pré-socrática ideia de que a mudança é a única constante. Um ponto, no entanto, segue como uma característica imutável da gestão do expoente do Partido Novo: o eterno pé de guerra com os servidores.
A briga da vez se refere ao regime de trabalho dos funcionários do Executivo. Desde a pandemia, o home office se instalou, antes como a única forma segura de manter os servidores atuando, e depois como uma maneira viável de realizar parte das atividades sem precisar ir à distante Cidade Administrativa em todos os dias da semana. Mesmo com o arrefecimento dos contágios e da gravidade dos casos de COVID-19, boa parte dos trabalhadores seguiu sob a política de bater ponto presencialmente em apenas um dia da semana.
O baixo fluxo de funcionários na Cidade Administrativa não é exatamente um fruto de negociações entre o governo e o funcionalismo, mas uma alternativa muitas vezes imposta pelos problemas estruturais dos prédios. Na maior parte do ano passado, por exemplo, os corredores dos edifícios Minas e Gerais ficaram vazios já que as dezenas de elevadores que tornam possível seu funcionamento passaram ficaram desativados para um trabalhoso processo de vistoria e reformas.
Os servidores voltaram aos poucos no fim do ano e encontraram uma situação caótica. Vídeos e fotos mostram banheiros sem água nas pias e descargas, bebedouros desabastecidos, infiltrações, goteiras e o velho problema de elevadores enguiçados. Para completar a insatisfação, em dezembro as secretarias de Planejamento (Seplag) e de Governo emitiram uma nota conjunta determinando que os servidores voltassem ao regime de trabalho presencial em ao menos três dias por semana. A medida gerou receio pela incapacidade da estrutura da CIdade Administrativa lidar com algo próximo à sua capacidade total.
No Diário Oficial do Estado de ontem, mais um capítulo para a trama: a Assessoria Especial para Assuntos Municipais; a Assessoria Especial do Vice-governador e a Superintendência de Assessoramento Regional foram autorizadas a trabalhar presencialmente em apenas um dia da semana, com os quatro outros em regime de teletrabalho. Há entre os servidores um grupo organizado que defende uma jornada maior em home office e que circula um abaixo assinado neste sentido. À coluna, eles reclamam que a mais nova medida busca pulverizar o movimento. O governo de Minas não respondeu à reportagem sobre as denúncias de problemas estruturais na Cidade Administrativa.
A falta de condições físicas de trabalho é a bola da vez na turbulenta relação entre Zema e o servidor público e é difícil esperar que seja a última. As queixas sobre a Cidade Administrativa se somam aos anos de temor pelo fantasma do Regime de Recuperação Fiscal; à mais recente recomposição salarial abaixo das perdas inflacionárias dos dois anos sem reajuste (e que na proposta original do governo não contemplava nem o IPCA de apenas um dos anos); as reformas nos percentuais de contribuição ao Ipsemg; entre outras.
Isso sem contar com a insatisfação quase crônica dos trabalhadores das forças de segurança, a quem foi prometido um reajuste salarial dividido em três parcelas das quais apenas uma foi cumprida e viu o Instituto de Previdência dos Servidores Militares (IPSM) passar três anos sem receber contribuições do governo do estado. (Bernardo Estillac)
Justiça Eleitoral
Eleitores de BH e Uberaba têm até a próxima terça-feira (7/1) para justificar a ausência no segundo turno das eleições municipais de 2024. É possível ficar em dia com a Justiça Eleitoral através do aplicativo e-Título; de Autoatendimento Eleitoral no site do TSE; do Sistema Justifica; ou de atendimento presencial nos cartórios eleitorais. Até o início da semana passada, apenas 16,14% dos 636 mil ausentes da capital e 11,37% dos quase 62 mil ausentes em Uberaba já haviam se justificado. (BE)
PV avalia futuro de vereador
Integrante da base de Fuad Noman na última legislatura, Wagner Ferreira (PV) votou contra o candidato governista na eleição para a presidência da Câmara de BH. A decisão contrariou a decisão do Partido Verde, que avalia o futuro do parlamentar em uma comissão de ética interna. Um pronunciamento oficial da legenda está marcado para amanhã. (BE)
Petistas escassos na posse
À exceção do deputado federal Rogério Correia e da deputada federal Ana Pimentel,
ninguém da direção estadual do PT esteve na posse das prefeitas de Contagem, Marília Campos, e de Juiz de Fora, Margarida Salomão. Correia foi à cidade da Grande BH como vice-líder do presidente Lula e Ana Pimentel foi à Zona da Mata como vice-líder da bancada do PT representando a bancada federal. Os dois municípios são os maiores colégios eleitorais governados pelo partido no estado e tiveram suas representantes reeleitas. (Bertha Maakaroun)