Prefeitura de Belo Horizonte vê baixa adesão na vacinação contra dengue e amplia público  -  (crédito: EBC)

O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de países com maior número de notificações da dengue em 2024

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Apesar do alto índice de confiança nas vacinas, quase 30% dos 2 mil entrevistados pela pesquisa conduzida pelo instituto Ipsos e encomendada pela biofarmacêutica Takeda, com a colaboração da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), já deixaram de se vacinar ou recomendaram que outros não se vacinassem devido a dúvidas sobre segurança e eficácia. Ainda, 10%, ou seja, 200 pessoas, decidiram não se vacinar por causa de informações recebidas online ou de amigos e parentes. Os dados foram divulgados na coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira (21/11). 


Embora os números não sejam significativos, o estudo revelou que os descrentes em relação às vacinas impactam na imunização de outras enfermidades, como a dengue, por causa da circulação das fake news ou da desinformação. “Apesar do aumento da conscientização sobre os riscos da dengue, muitos brasileiros ainda enfrentam barreiras para se vacinar devido ao impacto das fake news, que atinge 41% dos entrevistados relatando o recebimento de informações falsas sobre vacinas em geral pelas redes sociais”, afirma Juliana Siegmann, pesquisadora do Ipsos. “Esse dado ressalta a importância de um acesso qualificado à informação.”


 

Ainda de acordo com o levantamento, as principais fontes de informação sobre vacinas e dengue são TV (59%), redes sociais (49%) e postos de saúde (47%). Por outro lado, as redes sociais ficaram em primeiro lugar em exposição às fake news (27%), seguido pelo Whatsapp ou SMS (21%). Sobre os dados, o presidente da SBI, Alberto Chebabo, afirmou durante a ocasião, que é preciso “combater a desinformação que ainda desencoraja uma parcela significativa da população a levar o público elegível para receber a vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS)”.


Pais atentos


Com quase 6,3 milhões de casos prováveis de dengue, sendo mais de 3 milhões confirmados em laboratório, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de países com maior número de notificações da doença em 2024. Em meio a uma epidemia da doença neste ano, os resultados mostram que 88% das pessoas veem a vacina contra a dengue como uma medida eficaz de prevenção, mesmo diante da ampla exposição a fake news.  


Neste cenário, vale destacar a presença significativa dos pais, os quais representam 43% dos entrevistados e, embora cautelosos, têm atitudes mais positivas em relação à vacinação em geral, buscando informações e prestando atenção às campanhas. Exemplo disso é que 86% dos pais buscaram algum tipo de informação sobre a dengue. No entanto, esse grupo está mais vulnerável às fake news, principalmente em redes sociais e canais pessoais como WhatsApp. “Esses pais reconhecem a importância das vacinas e buscam informações para tomar decisões mais informadas sobre a saúde de seus filhos", destacou Alberto Chebabo. 


Para os especialistas, ainda que haja um receio com as fake news, há um otimismo para lidar com a dengue no próximo ano, principalmente porque 88% dos entrevistados consideram a vacina contra a dengue uma medida preventiva eficaz. Dessa forma, cabe aumentar a conscientização, por meio de campanhas, mas também o desafio de furar a bolha dos céticos e desinformados que prejudica a adesão à vacinação.

 

 

Para o infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o conhecimento sobre a gravidade da dengue é reconhecido pela população, mas a circulação de fake news, especialmente nas redes sociais, representa um desafio significativo para o controle da doença.

 

“Informações falsas sobre vacinas em geral, formas de contágio e tratamentos acabam confundindo as pessoas e dificultando a adesão a medidas preventivas e ao tratamento adequado. Por isso, campanhas educativas consistentes e claras são essenciais para combater esses mitos e reforçar a importância da prevenção e da vacinação contra a dengue,” afirma.

 

“Temos visto avanços na conscientização. No entanto, é essencial fortalecer a confiança para combater a desinformação”, reitera Vivian Lee, diretora médica da Takeda Brasil.


Dia D

 

Em 2024, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a disponibilizar a vacina contra a dengue em uma campanha nacional de vacinação no sistema público de saúde. Disponibilizada pela Takeda, crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos e adultos acima de 60 anos podem tomar a vacina que reduz o risco de infecção sintomática, hospitalizações e a mortalidade. 


Com o objetivo de garantir a atualização do cartão de vacinação de crianças e adolescentes menores de 15 anos, o  Dia D de Vacinação em Belo Horizonte foi realizado neste sábado (23/11). Houve a oferta da vacina da dengue, para crianças e adolescentes entre seis e 14 anos, e dos imunizantes para rotavírus, poliomielite, meningocócica ACWY, pneumocócica 10, hepatites A e B, HPV, febre amarela e gripe. 

 

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