Quando a criança fica um pouco mais “quentinha”, qualquer mãe já se sente apreensiva com uma possível febre. Mas será que é preciso procurar um médico após o primeiro sinal?
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) classifica a febre como uma resposta fisiológica do organismo à uma agressão física, química ou biológica. Ele reage dilatando os vasos sanguíneos para levar mais sangue ao local agredido e aumentar a produção de anticorpos e glóbulos brancos, visando defender, dificultar ou até inibir a multiplicação dos agentes agressores.
De acordo com a diretora médica da Clínica Pediátrica da Barra, Aline Magnino, a febre não pode ser caracterizada por uma temperatura isolada ou sem associação com o quadro clínico da criança.
“Os valores corporais podem variar ao longo do dia, conforme a faixa etária e até mesmo de acordo com o ambiente externo onde a criança se encontra”, comenta a médica.
De maneira geral, a pediatria utiliza os parâmetros das seguintes temperaturas para caracterizar a febre:
• Temperatura retal maior que 38,0
• Temperatura oral maior que 37,5
• Temperatura axilar maior que 37,2
• Temperatura auricular maior que 37,8
Segundo um artigo divulgado pela SBP, em 2023, a febre é uma das queixas mais comuns nos atendimentos pediátricos, correspondendo a cerca de 30% das consultas nos consultórios, 65% das consultas nos serviços de emergência e até 75% nos atendimentos telefônicos e WhatsApp dos médicos.
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“O atendimento pediátrico aumenta, principalmente, nos períodos sazonais, quando há mais quadros de doenças respiratórias associadas às mudanças bruscas de temperaturas”, explica a médica.
Novembro de 2024 foi osegundo mais quente já registrado globalmente, de acordo com o estudo divulgado pelo Serviço de Mudança Climática Copernicus (C3S). A temperatura média global do mês foi de 14,10°C, marcando uma anomalia de +0,73°C em relação à média de 1991-2020.
“Os pais ainda associam a febre a um possível sinal de alguma doença grave, fazendo com que o medo seja grande a ponto de se cunhar um termo específico para expressar esta sensação de ansiedade acompanhada de intensa insegurança: febrefobia”, sinaliza a médica.
A elevação da temperatura corporal observada com a febre é uma das manifestações clínicas de uma complexa reação orgânica a agressões externas, que podem ser desencadeadas por agentes infecciosos, como vírus, fungos, bactérias e toxinas; e não-infecciosos - complexos antígeno-anticorpo e antígenos resultantes de uma cascata de fenômenos de destruição celular.
“A criança com febre pode apresentar diversos sintomas, como extremidades frias, sudorese, sensação de frio, tremores, aceleração dos batimentos cardíacos e taquipneia (aumento do esforço respiratório)”, comenta.
Mas, o que fazer?
“A primeira coisa a fazer são os cuidados gerais, como desagasalhar a criança, deixar com uma roupa e em ambiente fresco, hidratar bastante oferecendo água, soro oral e líquidos à vontade. Deve-se olhar se há outros sintomas e condições diferentes do estado normal da criança. Em caso de dúvidas, sintomas diferentes ou persistência da febre o melhor a fazer é entrar em contato com o pediatra-assistente que a acompanha para que ele possa direcionar quanto a real necessidade de levar o paciente à uma emergência ou não”, recomenda.