A equipe do Restaurante Popular III – Maria Regina Nabuco, que fica em Venda Nova, foi a vencedora da 5ª edição do Festival Gastronômico dos Restaurantes Populares. O evento aconteceu, neste sábado (27/4), no Centro de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional (CRESAN), no Mercado da Lagoinha, na Região Noroeste da capital.

 

Os funcionários da unidade fizeram uma releitura de pratos típicos da Região Centro-Oeste do Brasil. A competição reuniu equipes com representantes dos quatro restaurantes populares de BH em uma disputa pelo melhor prato principal e melhor sobremesa. Nesta edição, os participantes foram desafiados a criar releituras de pratos brasileiros, a partir de uma formação sobre cultura alimentar das regiões do país.

 

Entre setembro e outubro de 2023, trabalhadores que atuam na produção das refeições, cozinheiros e chefs de cozinha dos quatro restaurantes receberam treinamentos práticos sobre o tema no Centro Universitário UNA. As oficinas abordaram as características da gastronomia das regiões Norte, Nordeste, Oeste e Centro-Sul. Após as capacitações, cada restaurante escolheu um prato principal e uma sobremesa que representaria a unidade.

 

Cardápios com sabores regionais

 

A equipe vencedora batizou o prato principal de Onça Pintada, uma releitura do caribéu pantaneiro, um cozido de carne-seca com mandioca e temperos acompanhado de farofa de pequi e baru, uma castanha típica do Cerrado. “Vocês irão perceber que as cores do nosso prato remetem às cores da onça pintada, a rainha do Pantanal, e por isso ela nomeia o prato”, explicou o representante da equipe.

 

A sobremesa foi batizada de Dourado e é uma releitura do mané pelado, um bolo de mandioca com coco acompanhado de sorvete de milho verde. “O sorvete é totalmente natural, preparado apenas com creme de leite fresco, milho, açúcar e gemas. Nomeamos a nossa sobremesa de dourado pelos tons dourados do prato e para homenagear esse peixe típico do Pantanal.”

 

Prato Onça Pintada, vencedor do Festival Gastronômico dos Restaurantes Populares de BH

Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press

 

O grupo que representa a Região Nordeste, do Restaurante Popular I - Herbert de Souza, localizado no Centro, escolheu como prato principal o Mungunzá do Sertão, acompanhado de costelinha curada, bacon, linguiça paio e palha de macaxeira.

 

Para a sobremesa, a escolha da equipe foi um bolo de rolo recheado com doce de goiaba caseiro, acompanhado de sorvete de macaxeira com abacaxi, refogado na calda de gengibre e hortelã. O prato é finalizado com raspas de limão e praliné de xerém de castanha de caju. A apresentação do cardápio foi feita por uma representante do restaurante em forma de Cordel, poemas rimados típicos do Nordeste.




O Restaurante Popular II – Josué de Castro, no Bairro Santa Efigênia, na Região Hospitalar, representava a Região Sul e escolheu, para prato principal, um bife à base de erva-mate ao molho pesto de pinhão acompanhado de polenta cremosa. Na apresentação do cardápio, o representante da equipe destacou que na receita tradicional, o prato é caro e requintado, mas a ideia era recriá-lo com ingredientes usados nos restaurantes da capital. “Para a massa que envolve o bife, desidratamos a erva-mate, para intensificar o aroma e o sabor. O molho pesto foi feito com azeite caseiro e para o acompanhamento, fizemos um queijo pastoso com leite em pó, para dar cremosidade à polenta”, explicou.

 

Já a sobremesa idealizada pela equipe foi batizada de Esferas ao vinho no creme Custard e era feita com sagu ao vinho com creme de baunilha. “O sagu é uma sobremesa originária da Serra Gaúcha e comum em toda a Região Sul. As esferas de mandioca são um resgate da cultura indígena.”

 

 

Já a Restaurante Popular IV - Dom Mauro Bastos, no Barreiro, representava os sabores da Região Norte e concorreu com um prato principal chamado Casaca Dourada, um filé de pirarucu, marinado no tucupi, coberto por lâminas de banana prata, ao molho de açaí com farofa crocante de amendoim e leite de coco. “Ele é uma releitura de um grande exemplo da gastronomia da região, o pirarucu de casaca”, explicou a representante da equipe. A sobremesa recebeu o nome de Joias da Amazônia, composta por um creme de mandioca com toque de cumaru, mousse de chocolate e geleia de cupuaçu, acompanhada por crisps de mandioca. “Uma explosão de sabores em camadas”, definiu a representante.

 

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Os convidados receberam um cardápio com todas as receitas, ingredientes de cada uma delas e o modo de preparo de todos os pratos.

 

Critérios de escolha

 

O júri era formado por técnicos e gestores, incluindo especialistas das áreas de gastronomia e nutrição. Os cardápios eram julgados analisando critérios como criatividade, apresentação visual, sabor, escolha da receita conforme a região sorteada para o grupo, além da valorização dos ingredientes utilizados.

 

A mesa era composta pelos jurados: Larissa Pardim, gastróloga e professora do Centro de Referência de Segurança e Nutricional Mercado da Lagoinha; Rosilene Campolina, chef e professora de Gastronomia do Centro Universitário UNA; Bruna Martins, chef de cozinha e vencedora do prêmio Cumbuca de Gastronomia; Paulo Solmucci, presidente-executivo da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel); Grazilella de Souza Pereira, diretora de Desenvolvimento e Articulação Institucional da Secretaria Municipal de Cultura; Fernanda de Siqueira Neves, secretária-adjunta de Educação; Jean Mattos, presidente da Prodabel; e Marcos Boffa, diretor de Políticas de Turismo e Inovação da Belotur, e representante do Comitê Gestor da Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco.

 

A chef Bruna Martins fez uma análise de cada prato apresentado pelas equipes e destacou a excelência dos trabalhos apresentados. Ressaltou ainda a dificuldade de executarem as releituras usando apenas os ingredientes disponíveis nos restaurantes populares, fazendo com que equipes tivessem que recorrer a preparos inusitados como o azeite caseiro usado no pesto de pinhão do prato da equipe Sabores do Sul. O produto foi feito usando óleo de soja e azeitona curtida. O uso de técnicas da alta gastronomia, como o praliné e a tuille, também foram destacados pela chef. “Está todo mundo de parabéns porque, praticamente, não tenho críticas. Foi tudo excelente mesmo.”

 

Grazilella de Souza disse que não ia fazer uma análise técnica, já que sua relação com a comida é afetiva. “Estou muito impressionada com a qualidade de tudo, com a seriedade e o envolvimento das equipes. Com o elemento cultural tão presente na escolha desses pratos. Faz a gente retomar a lembrança que comida é cultura. Não vou esquecer isso aqui hoje, Estou com o sabor na boca e desse compromisso com a segurança alimentar.”

 

Comemoração após o resultado

 

Após o anúncio do resultado, a funcionária do Restaurante Popular 3 Flávia Silva era uma das mais emocionadas com a vitória. A unidade venceu a competição pela segunda vez. “Eu cozinhei. A gente elaborou o prato e eu executei o caldo. Foi tudo muito sofrido porque nosso restaurante é pequeno. A produção é menor, mas é muito serviço. Tínhamos que fazer o serviço e ainda executar. Mas estou muito feliz”, afirmou entre lágrimas, enquanto recebia e exibia sua medalha.

 

Flávia Silva, membro da equipe vencedora, recendo sua medalha

Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press

 

A equipe vencedora recebeu um troféu e terá a receita adaptada e incluída nos cardápios dos restaurantes populares da capital.

 

Segurança alimentar

 

O prefeito Fuad Noman esteve presente ao evento e destacou o trabalho feito pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania no combate à insegurança alimentar. "Trabalhamos hoje para que os restaurantes populares possam suprir o maior flagelo do ser humano, que é a fome”, afirmou.

 

Também compareceram no festival o secretário municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, Josué Valadão, e Darklane Rodrigues Dias, subsecretária de Segurança Alimentar e Nutricional.

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