Os vereadores do bloco de esquerda da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) fecharam questão para não votar pela cassação do presidente da Casa, Gabriel Azevedo (Sem partido). Após a sessão desta sexta-feira (1/12) ser adiada por falta de quórum, os parlamentares afirmaram que realizarão reuniões durante o final de semana com o intuito de encontrar uma solução que não seja a cassação de Gabriel.

“Às vésperas do processo de votação a bancada de esquerda na Câmara Municipal se reuniu e fechou questão de se posicionar para que esse processo não continue caminhando dessa forma. Nossa avaliação é que quem perde é o povo de Belo Horizonte”, disse o vereador Bruno Pedralva (PT).

Atualmente a bancada possui cinco vereadores, sendo que eles estiveram entre os 26 que votaram para abrir o processo de cassação contra Gabriel a partir de denúncia da ex-vereadora e deputada federal Nely Aquino (Podemos). Além de Pedralva, fazem parte do bloco Pedro Patrus (PT), Iza Lourença (Psol), Cida Falabella (Psol) e Dr. Celio Fróis (PV).



A denúncia de Nely acusa Gabriel de quebra de decoro parlamentar e abuso de autoridade, por falas contra colegas vereadores, interferência em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e a gravação ilegal do vereador Marcos Crispim (Podemos). Gabriel nega a ilegalidade dos atos e pontua que já pediu desculpas pelas falas duras contra outros parlamentares.

No entanto, o pedido de cassação está por trás da disputa interna pela presidência da Câmara de Vereadores entre o grupo que defende Gabriel Azevedo e o grupo chamado de “Família Aro”, ligado ao atual secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro. A avaliação do bloco de esquerda é que o embate tem prejudicado a cidade e atrapalhando a votação de projetos importantes para a população.

 “Nós já tivemos, por exemplo, a derrubada do projeto que colocava BH dentro do esforço global para conter mudanças climáticas. Tivemos a não votação de um projeto de empréstimo de R$ 850 milhões para obras na região do Izidoria, de maior vulnerabilidade social da nossa cidade. Então a gente se posicionou e colocamos para o presidente da Câmara, para a base do prefeito e para o grupo de Marcelo Aro, a necessidade de encontrar uma saída que não passe por esse embate”, ressaltou Pedralva. 

O petista ainda afirma que independente da conclusão do processo - a cassação de Gabriel ou não -, todos saem perdendo, pois uma oposição “ferrenha” continuaria a disputa. O processo referente à denúncia de Nely recebeu parecer favorável para a cassação do presidente da Câmara, em relatório escrito pela vereadora professora Marli (PP), mãe de Marcelo Aro, e membro da comissão processante. 

O parecer tem até o dia 4 de dezembro, na próxima segunda-feira, para ser apreciado em plenário, conforme as regras do regimento interno que determinam 90 dias de tramitação da denúncia. Para que Gabriel seja cassado são necessários 28 votos, mas o presidente da Câmara é categórico ao afirmar que não há votos para retirá-lo do mandato.


"A farsa chegou ao fim. Hoje é 87° dia, sábado 88º, domingo 89º e na segunda será o 90° dia do processo e nós começamos e terminamos do mesmo jeito: com um grupo de vereadores falando que não ia votar e outro grupo insistindo (para votar). Agora, a Câmara Municipal e a prefeitura de Belo Horizonte não podem ficar a reboque de quem quer liderar uma família. A Câmara Municipal é para servir um político, não é para servir uma pessoa. É para servir a cidade de Belo Horizonte ", disse.

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