A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia contra oito pessoas envolvidas na chacina cometida em uma festa infantil num sítio de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no fim de maio. Na ocasião, duas crianças e um homem morreram após homens armados invadirem a celebração e iniciarem uma série de disparos. Outras três pessoas também foram baleadas. Todos os envolvidos foram denunciados, entre outros crimes, por homicídio qualificado.

 

 

A decisão foi proferida em 28 de junho pela juíza Fernanda Chaves Carreira Machado, da 1ª Vara Criminal e do Tribunal do Júri de Ribeirão das Neves, a partir de uma denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A magistrada também decretou as prisões preventivas de sete dos réus. A justificativa foi de que a liberdade dos envolvidos “implica sério risco para a ordem pública, que se vê extremamente abalada e com nítido perigo factual”.

 

 

A magistrada também afirmou que há rumores de fuga dos réus para fora do país, mais precisamente Portugal, e, assim, “não resta dúvida de que os denunciados também implicam risco à aplicação da lei penal”. Além disso, a família das vítimas teria sido procurada por um indivíduo, que ofereceu entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que dessem um depoimento a favor de um dos acusados.

 

 

O único réu que não teve a prisão preventiva decretada foi Yago Pereira de Souza Reis, porque está sob custódia desde que foi levado ao hospital - ele foi baleado durante a execução do crime. Na noite de sexta-feira (5/7), outra ré, Ivone Silva de Almeida, de 42 anos, foi presa em Vespasiano, na Grande Belo Horizonte. Ela é suspeita de ter passado a localização da festa para os autores do ataque. Segundo o boletim de ocorrência, Ivone estava presente na festa junto da filha, de 19 anos, que foi baleada.

 



 

Os outros réus são:

 

  • Agnes Danrlei Santos Nascimento, vulgo "Biscoito"
  • Fabiano Alves Campos
  • Flávio Celso da Silva, vulgo "Alemão"
  • Leandro Roberto da Silva, vulgo "Berola"
  • Marcelo Alves Rodrigues, vulgo "Tio Gordo"
  • Pedro Paulo Ferreira Lima, vulgo "Paulinho Satan"

 

A identificação dos acusados foi feita pela Polícia Civil a partir de vídeos gravados pelos próprios criminosos. Em um deles, os envolvidos se aproximavam do local da festa e, em outro, “Alemão” aparece empunhando um revólver, já dentro do sítio.

 

 

 

Apaixonado por futebol, Heitor Felipe queria ser jogador profissional. Estudiosa, Laysa Emanuele vislumbrava um futuro como advogada. Felipe Moreira, que já vinha recebendo ameaças, foi atingido por 12 tiros

Fotos: Redes sociais/Divulgação

 

Relembre o caso

 

Na noite de 23/5, familiares e amigos se reuniram em um sítio no Bairro Areias de Baixo, em Justinópolis, para comemorar o aniversário de 9 anos de Heitor Felipe Moreira de Oliveira. No fim da festa, dois homens armados aproveitaram que o portão estava aberto, entraram no local e iniciaram uma série de disparos contra os presentes. Segundo uma testemunha, os atiradores começaram os disparos “sem olhar em quem estava atirando”.

 

O alvo do ataque era o pai do aniversariante, Felipe Moreira Lima, de 26 anos. A motivação do crime seria uma disputa com traficantes - Felipe tinha envolvimento com o tráfico de drogas no Bairro Morro Alto, em Vespasiano. Morreram pai, filho e uma prima do aniversariante - Laysa Emanuele, de 11 anos.

 

 

Além dos três mortos, outras três pessoas foram baleadas. Uma adolescente de 13 anos levou um tiro na canela; uma jovem, de 19, foi ferida na nádega; e uma mulher, de 41, foi baleada nas costas e na cintura.

 

Os atiradores foram reconhecidos pelos participantes da festa e seriam próximos da família das vítimas. O crime teria sido encomendado pois Felipe estava em disputa com traficantes do Bairro Bela Vista, em Santa Luzia, que queriam que a vítima passasse a comercializar os entorpecentes fornecidos por eles. O homem e a família já estavam recebendo ameaças de morte havia alguns meses.

 

Em uma rede social, a mãe do aniversariante, Evelen Eduarda, publicou uma foto que seria de um dos atiradores abraçando Heitor Felipe, ainda bebê. “Quem matou o sonho do meu filho eram pessoas que abraçavam ele, o pai dele e o pai da minha sobrinha. Eram pessoas que falavam que podia sempre contar com eles. Eram pessoas que se passam de bom para todos, que falam que ajudam em tudo”, escreveu a mãe.

 

* Com informações de Bel Ferraz e Clara Mariz

 

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