Dois homens que estavam em um protesto contra a morte de um jovem pela Polícia Militar foram presos suspeitos de terem envolvimento no incêndio de dois ônibus, na Avenida Amazonas, na Região Oeste de Belo Horizonte, no início da noite desta segunda-feira (8/1). Eles teriam sido reconhecidos por policiais que acompanhavam a manifestação, até então pacífica. As ocorrências aconteceram na altura do Bairro Cabana do Pai Tomás. Os jovens têm 20 e 17 anos.

Leia: Ônibus incendiado interdita trânsito na Avenida Amazonas, em BH

Durante entrevista coletiva, o tenente Rubens do 5º Batalhão da Polícia Militar, que atuou nas ocorrências informou que assim que os coletivos foram incendiados, militares receberam informações com as características dos suspeitos. Com os homens foram apreendidos um isqueiro e um galão com líquido inflamável.

“Eles param o ônibus, mandam todo mundo descer e colocam fogo no veículo. Nesse momento, já chegaram informações e de pronto as viaturas fizeram cerco e conseguiram lograr a prisão desses indivíduos. A ação (foi) rápida da polícia, nós conseguimos fazer operação em todo o aglomerado, e nas regiões adjacentes protegendo os ônibus e aquele cidadão de bem que vive na localidade”, explicou o tenente.



Em contrapartida, os suspeitos negaram envolvimento no crime. Durante conversa com a reportagem, os homens afirmaram que estavam na manifestação quando militares chegaram disparando contra a multidão. Em seguida, dois homens passaram por eles, com galões na mão, entraram em um coletivo e iniciaram o incêndio.

“Eu sou apenas suspeito. Na hora que chegamos lá na manifestação, os policiais chegaram dando tiro. Nós corremos, aí do nada dois caras com camisa branca passaram por nós, com galão na mão, e entraram no ônibus. Nós estávamos perto, deu aquela 'muvuca' e nós saímos correndo para a Vila Oeste. Aí, o ‘mano’ que estava com a gente, que botou fogo no ônibus, tirou a blusa e passou. Ele foi abordado lá, mas foi liberado”, explicou um dos jovens.

“Favela pede paz”

O protesto foi organizado por moradores do Bairro Cabana do Pai Tomás, na Região Oeste de Belo Horizonte, contra a morte de um jovem, de 20 anos. Edgar Coelho, conhecido como Riquinho, foi morto por policiais militares nesse domingo (7/1).

Nas redes sociais, vizinhos e conhecidos de Edgar afirmam que ele teria sido vítima de uma execução por parte dos militares. Em um post, uma mulher que se identifica como amiga do jovem diz que durante a ação os policiais ainda teriam forjado que a vítima estava armada.

Nesta segunda-feira, dezenas de pessoas protestaram contra a ação. Vestindo camisas brancas com os dizeres “Justiça por Edgar Riquinho. Favela pede paz”, os manifestantes fecharam os dois sentidos da Avenida Amazonas, na altura do Bairro Vila Alegre.

“Polícia Militar de Minas Gerais invadiu a casa do jovem de 20 anos, executou ele e forjaram ele com arma. A família dele pede ajuda para manifestação. Polícia que é paga para proteger a sociedade está matando moradores das comunidades. Até quando vamos aceitar isso”, escreveu uma amiga de Riquinho.

De acordo com o tenente Rubens, Riquinho já era conhecido da corporação por ser um dos líderes do tráfico de drogas na região. Conforme registro da ocorrência, ele foi abordado por equipes do Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) enquanto portava arma de fogo. Ao receber ordem de parada, Edgar teria reagido e trocado tiros com os policiais. Ele teria sido socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

compartilhe