O gorila Bubu pode ser o próximo integrante da família de gorilas que vive no zoológico de Belo Horizonte. Natural da Hungria, o animal já está na fase adulta e deve vir para a capital mineira para reprodução e criação de um novo grupo familiar, já que os quatro gorilas machos serão transferidos de BH para o Animalia Park, em Cotia, São Paulo, na próxima segunda-feira (13/5). A informação foi apurada com exclusividade pelo Estado de Minas.


A diretora de Zoobotânica e gerente interina do Jardim Botânico, Sandra Cunha, explica que o remanejamento desses animais é comum e imprescindível para a sobrevivência da espécie que está ameaçada de extinção. “Existe uma negociação. Somente o Bubu virá para criarmos um novo grupo reprodutivo, é um macho adulto que será o alfa. Os gorilas estão ameaçados de extinção na África. Existe uma incidência de caça predatória muito grande nessas regiões que estão em conflito. Queremos ampliar essa população e futuramente começar a realizar solturas na natureza”, contou Sandra. 




 

Atualmente, o Zoo de BH conta com sete indivíduos da subespécie. As fêmeas Imbi, Lou Lou (que vieram da Inglaterra) e o macho Leon (que veio da Espanha). Eles geraram os filhotes Sawidi, Jahari, Ayo e Anaya. A transferência irá ocorrer pois os filhotes machos atingiram maturidade sexual e precisam se reproduzir com fêmeas de outro grupo. 


“Existe a maturidade sexual dos indivíduos. Esses filhotes já atingiram essa maturidade comum da espécie e estão procurando pelas fêmeas, que aqui no caso são irmãs, mãe e filhas. Não há essa indicação para que eles se reproduzam entre si, tanto na natureza quanto sob cuidados humanos, pois há um risco de problemas genéticos. Esse comportamento é analisado por técnicos e é comum”, explicou Sandra. 


 

Para garantir a segurança dos animais, a transferência será feita em um dia em que o Zoo não está aberto à visitação pública. Os gorilas serão levados para uma área restrita (sem acesso ao público) para que sejam preparados para a viagem. 


As fêmeas que irão permanecer em Belo Horizonte estão sendo monitoradas pela equipe técnica de veterinários do zoológico para evitar danos emocionais. “A separação gera um estresse, até os funcionários vão sentir falta deles, quem dirá elas. Estamos atentos e monitorando o comportamento delas e, até o momento, está tudo bem”, afirmou. 


A diretora esclareceu que o transporte do gorila Bubu, que virá da Hungria, não trará custos para a Prefeitura de Belo Horizonte e será feito pela European Association of Zoos and Aquaria (Sociedade Europeia de Zoológicos e Aquários, EAZA, em inglês). Ainda não há um prazo para que o animal chegue no Brasil. 


O primata foi escolhido pela própria sociedade a partir de um mapeamento. “Esse mapeamento é feito pelo programa com base numa base de dados mundial de todos esses animais que estão em zoológicos. As características genéticas e até mesmo se há animais da espécie excedentes em outras unidades são levados em consideração para a escolha”, contou a bióloga.  


A idade e o local exato de origem do animal não foram informados pela PBH. 


Intercâmbio 


Entre os dias 15 e 18 de abril uma equipe técnica do Animália Park e uma cuidadora de gorilas do Howletts - Wild Animal Park (da Inglaterra) visitaram o Jardim Zoológico da cidade para conhecer a rotina de trabalho desenvolvido no Zoo e dar início aos preparativos para a transferência. 

 

Na ocasião, os biólogos, tratadores de animais e funcionários de várias áreas apresentaram os bastidores da instituição para mostrar os cuidados rotineiros com os gorilas. Além disso, assistiram a palestras sobre a história dos gorilas e sobre os cuidados médico-veterinários com os animais dessa espécie, bem como os detalhes do Zoo em relação à estrutura e organização de atividades.

 



A ‘macacada’ reunida 


Entenda a genealogia da família de gorilas: 


“Leon” –  gorila macho que veio do Loro Parque, Espanha, para o Zoológico de Belo Horizonte, em 12 de outubro de 2013, com 15 anos. Hoje, está com 25 anos. 


 “Lou Lou” – gorila fêmea que veio da Fundação Aspinall, Reino Unido, para o Zoológico de Belo Horizonte, em 12 de outubro de 2013, com 9 anos. Atualmente, tem 20 anos. 


 1º Filhote de “Leon” e “Lou Lou” é “Sawidi” – nascido no Zoológico de Belo Horizonte em 05 de agosto de 2014 e tem 9 anos


 2º Filhote de “Leon” e “Lou Lou” é “Anaya” – nascida no Zoológico de Belo Horizonte em 08 de junho de 2019 e tem 4 anos. 


 “Imbi” – Fêmea que veio da Fundação Aspinall, Reino Unido, para o Zoológico de Belo Horizonte, em 19 de agosto de 2011, com 11 anos.  Agora, a fémea está com 24 anos. 


 1º Filhote de “Leon” e “Imbi” é “Jahari” – nascido no Zoológico de Belo Horizonte em 10 de setembro de 2014 e tem 9 anos. 


 2º Filhote de “Leon” e “Imbi” é “Ayo” – nascido no Zoológico de Belo Horizonte em 08 de maio de 2017 e está com 6 anos. 


A estrela do zoo 

 

Idi Amin no zoo de BH

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press


A história de formação do primeiro grupo de gorilas em um zoo da América do Sul perpassa a história de uma figura simbólica para a capital mineira: o gorila Idi Amin. Apesar de ter recebido o nome de um dos mais brutais ditadores da história da Uganda entre 1971 e 1979, o primata esbanjava carisma e conquistou a simpatia dos belo-horizontinos. 

 

O gorila chegou em 1975 vindo de uma instituição francesa, ainda criança, com 2 anos. Foi transferido para a capital na companhia da fêmea Dada, da mesma idade dele. Os dois viveram juntos até março de 1978, quando ela morreu por complicações de uma infecção no ouvido. 


Em fevereiro de 1984, o gorila ganhou uma nova "namorada", Cleópatra, que morava no zoológico de São Paulo. Mas, o romance durou pouco. A gorila, que estava debilitada, morreu 14 dias depois, com um grave quadro clínico de desidratação e diarreia.


A estrela do Zoo ganhou duas companheiras em 2011, depois de viver 27 anos sozinho, Kifta e Imbi, sendo a última a única sobrevivente da época até hoje. Kifta também foi encontrada morta em março de 2013, por edema pulmonar agudo e colite hemorrágica difusa grave (infecção intestinal). A intenção da vinda das duas era gerar herdeiros para o único representante da espécie. As fêmeas viveram com o Idi por sete meses e ficaram ao lado do macho nos últimos dias de vida dele.


Idi Amin morreu em 2012, aos 39 anos, por insuficiência renal crônica, associada à poliartrite crônica ativa-bacteriana durante uma cirurgia, era o único representante da espécie que vive em cativeiro na América do Sul, até então.

 

Após seu falecimento, o corpo de Idi Amin está exposto no Museu de Ciências Naturais da PUC Minas. Para que a exposição fosse possível, foi realizado o trabalho popularmente conhecido como empalhamento. O gorila faz parte da "Fauna Exótica", no terceiro andar do museu, e está exposto ao lado de sua companheira Cleópatra. 

 

Em 2013, chega ao zoológico, um casal de gorilas vindos da Europa, o macho Leon, de 14 anos, e a fêmea Lou Lou, de 9, para fazer companhia à Imbi, que vivia sozinha desde a morte de Kifta. 


 *Estagiárias sob a supervisão do subeditor Humberto Santos

compartilhe