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Estado de Minas ATIVIDADE

'Respeite a nova velhice'

'Qualquer idiota consegue ser jovem. É preciso muito talento para envelhecer', disse Millôr Fernandes


18/03/2023 10:00 - atualizado 15/03/2023 22:32
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Homem branco de cabelos grisalhos fala ao telefone e mexe em um computador. Ele usa uma camisa social azul clara de mangas curtas
(foto: Reprodução)

E como já dito no artigo anterior sobre etarismo,  nós começamos a envelhecer quando nascemos, somos a soma de todas as nossas experiências. Completar 60 anos, ou qualquer idade, não apaga a nossa história e em cada momento da vida somos o resultado de todos os momentos anteriores.
 
O Brasil está envelhecendo. Com menos nascimentos e mais longevidade, cresce a participação dos sêniores ( 60+)  na população, que como consta para a Organização Mundial da Saúde (OMS), idoso é todo indivíduo com 60 anos ou mais.
 
Porém, ao contrário dos estereótipos que vemos na mídia e na publicidade, eles são ativos, saudáveis, exigentes, conectados e decisivos na dinâmica familiar.
 
E já indo ao encontro a essa “nova geração” a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou em 2002 o relatório "Envelhecimento Ativo".  

O novo termo “envelhecimento ativo” é definido como o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a  qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.
 
Desta forma, “ativo” implica a participação da pessoa idosa em questões socioeconômicas, culturais, espirituais e na sociedade civil, ou seja, não implica em uma rotina de exercícios físicos ou em um trabalho.

Envelhecimento ativo também não se refere apenas à ausência de doenças, mas sim ao fato de que, mesmo na presença destas, as pessoas idosas possam permanecer contribuindo para vários aspectos da vida em sociedade. 

Estar em atividade é muito importante, pois ações que promovam relações sociais são tão importantes quanto aquelas que melhoram tanto a saúde física quanto a mental.
 
Mas afinal, o que vem a ser essa “nova velhice”?
 
Cartoon de quatro representações de idosas. Na primeira, ela é pequena, corcunda e se apoia em um andador. Na segunda, ela ainda está um pouco curvada e se apoia em uma bengala. Na terceira, ela aparenta estar com as costas doloridas, mas anda ereta. Na quarta, ela está animada, segurando dois pesos de academia.
Estamos vivendo a revolução da longevidade, o que nos força a abandonar as noções existentes de velhice e aposentadoria (foto: Reprodução)
 

Em 1940 nossa expectativa média de vida era de 40,5 anos. A expectativa atual do brasileiro subiu para 77 anos. 
Para termos uma ideia , segundo o IBGE para os idosos que já tinham 77 anos completos em 2021, a expectativa era de viverem, pelo menos, mais 11,4 anos, chegando, pelo menos, aos 88 anos de idade. Já para quem tinha 30 anos completos, a expectativa era de mais 49,2 anos de vida, alcançando, pelo menos, 79,2 anos de idade.

Precisamos nos atualizar e procurar conhecer e compreender essa nova geração 60   que é a que mais cresce no mundo . 

Em 2060, a população 60 dobrará. E, em 2050, todos os continentes, com exceção da África terão ¼ de suas populações na faixa 60 .

A projeção é que no Brasil, até 2060 a população de seniores (60 ) alcance o dobro da de jovens.

 E algumas pesquisas realizadas com esse público (60 ) detectaram ainda que :
  • 1 em cada 4 deseja empreender no futuro e 33% desejam estudar algo novo
  • São conectados: acessam a internet e jogam games
  • O que mais sentem falta de adequação são: alimentos, celulares com letras e teclados maiores, bares, restaurantes e casas noturnas, roupas e etiqueta nos versos dos produtos
Outro dado relevante é que, dos brasileiros que se aposentam, em média, com 58 anos, 1/3 continua trabalhando.  

Para termos uma ideia, o consumidor brasileiro maduro (60 ) movimentou  cerca de R$ 1,8 trilhão no ano de 2018. Só em compras on-line, foram gastos R$ 15 Bilhões. 

Se antes a imagem da 3ª idade estava ligada ao assistencialismo, agora ela volta a ganhar ação e protagonismo. E, mais uma vez, passam a ser vistos como agentes colaboradores da sociedade.
 
Os conflitos, sonhos e questões relacionadas ao trabalho, à sexualidade, ao amor e à diversão não têm idade.
 
É necessário e fundamental que o marketing e a comunicação comecem a dar mais atenção a este público. As linguagens precisam estar alinhadas com os novos códigos e signos dessa população, com discursos mais acessíveis a pessoas de todas as idades.
 
É preciso urgentemente ressignificar a velhice!
 
E, neste quesito, o Distrito Federal saiu na frente aprovando e colocando em vigor, a partir de janeiro deste ano, a lei que prevê a substituição das sinalizações de preferência para idosos em espaços públicos.
 
Comparação entre as placas de idoso. À esquerda, está a antiga, que mostra um boneco palito com uma das mãos nas costas e a outra se apoiando em uma bengala. À direita, está a nova sinalização, com um boneco palito de pé ao lado de um '60+'
(foto: Reprodução)
 

É primordial que todos nós compreendamos o fenômeno da longevidade na essência.
 
Envelhecer com sabedoria demanda o conhecimento e a coragem de sermos imperfeitos, perceber que não teremos os nossos cinco sentidos – olfato, paladar, visão, audição e tato – funcionando 100%, porém entender que cabe a nós, e é de nossa inteira responsabilidade, desenvolver algumas atitudes que atuem a nosso favor.

Alguns exemplos de como ter uma vida mais ativa na maturidade:

Coloque o corpo e a mente em movimento:
  • Ande mais a pé, observe e mantenha contato com a  natureza e os animais, faça amigos, converse, procure se relacionar, leia um livro, faça palavras cruzadas, cuide do jardim, desenvolva um hábito como consertar e transformar coisas, ouça música, faça atividades em grupo, como dança, alongamento, ioga, meditação, oração, pintura, costura, marcenaria
  • Desenvolva atividades sociais
  • Conheça lugares novos, desafie-se e, se tiver dificuldade, peça ajuda

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