Recentemente, escutei a frase: “Conexão não é convívio”, em um debate sobre sonhos entre o neurocientista Sidarta Ribeiro e a jornalista Márcia Maria Cruz. Fiquei com ela ecoando em meus pensamentos. Como terapeuta sistêmica, senti o desejo de refletir sobre esse dilema contemporâneo que impacta nossas vidas: a diferença entre conexão e convívio.
Como disse Freud, “somos seres relacionais por essência”, e a tecnologia trouxe a hiperconectividade como uma aliada, aproximando-nos virtualmente, mas será que estamos realmente convivendo?
Enquanto passamos horas interagindo nas redes sociais e trocando mensagens, é essencial lembrarmos que a verdadeira convivência é um pilar para nosso bem-estar emocional e mental.
A convivência nos permite compreender o outro em sua totalidade, enxergar além das palavras digitais e perceber detalhes sutis que fortalecem nossos laços.
A falta de convivência presencial pode gerar sentimentos de isolamento e solidão, mesmo em meio a uma sociedade "aparentemente conectada".
A conexão virtual pode nos favorecer a formar bolhas, onde estamos cercados apenas por pessoas semelhantes, o que prejudica nosso crescimento pessoal e o desenvolvimento da empatia pelo diferente.
É por meio do contato "cara a cara", olho no olho, que nos tornamos verdadeiramente humanos. É nesse espaço que desenvolvemos nossas características, aprendemos, crescemos e construímos relações profundas e significativas. O olhar, o toque, o abraço, a risada compartilhada, todos esses elementos são fundamentais para fortalecer nossos laços afetivos e criar memórias inesquecíveis.
Como terapeuta sistêmica, é meu papel refletir sobre esse cenário e incentivar meus pacientes e leitores a equilibrarem a conexão digital com o convívio presencial. Encorajá-los a reservarem momentos para se desconectarem das telas e se conectarem genuinamente com seus entes queridos.
Nossas relações offline são igualmente importantes para nossa saúde emocional.
Ao investirmos tempo e energia em conviver com as pessoas que amamos, estabelecemos laços mais profundos e fortalecemos nossa rede de apoio, o que nos ajuda a enfrentar os desafios da vida de forma mais resiliente.
Equilibrar a conectividade digital com relações em presença física pode ser a chave para uma vida mais gratificante e saudável.
É tempo de reinventar nossa forma de conectar.
Desafie-se a estreitar laços, valorizar os encontros genuínos e nutrir seus relacionamentos.
Afinal, é a partir desse convívio com o outro que nos tornamos humanos, desenvolvemos nossa visão de nós mesmos, dos outros e do mundo à nossa volta.