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Conexão não é convívio: um dilema contemporâneo

"Equilibrar a conectividade digital com relações em presença física pode ser a chave para uma vida mais gratificante e saudável"


13/08/2023 04:00
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pessoas unindo as mãos
(foto: segs.com.br/Reprodução)


Recentemente, escutei a frase: “Conexão não é convívio”, em um debate sobre sonhos entre o neurocientista Sidarta Ribeiro e a jornalista Márcia Maria Cruz. Fiquei com ela ecoando em meus pensamentos. Como terapeuta sistêmica, senti o desejo de refletir sobre esse dilema contemporâneo que impacta nossas vidas: a diferença entre conexão e convívio. 

Como disse Freud, “somos seres relacionais por essência”, e a tecnologia trouxe a hiperconectividade como uma aliada, aproximando-nos virtualmente, mas será que estamos realmente convivendo? 

Enquanto passamos horas interagindo nas redes sociais e trocando mensagens, é essencial lembrarmos que a verdadeira convivência é um pilar para nosso bem-estar emocional e mental. 

A convivência nos permite compreender o outro em sua totalidade, enxergar além das palavras digitais e perceber detalhes sutis que fortalecem nossos laços.

A falta de convivência presencial pode gerar sentimentos de isolamento e solidão, mesmo em meio a uma sociedade "aparentemente conectada". 

A conexão virtual pode nos favorecer a formar bolhas, onde estamos cercados apenas por pessoas semelhantes, o que prejudica nosso crescimento pessoal e o desenvolvimento da empatia pelo diferente. 

É por meio do contato "cara a cara", olho no olho,  que nos tornamos verdadeiramente humanos. É nesse espaço que desenvolvemos nossas características, aprendemos, crescemos e construímos relações profundas e significativas. O olhar, o toque, o abraço, a risada compartilhada, todos esses elementos são fundamentais para fortalecer nossos laços afetivos e criar memórias inesquecíveis. 

Como terapeuta sistêmica, é meu papel refletir sobre esse cenário e incentivar meus  pacientes e leitores a equilibrarem a conexão digital com o convívio presencial. Encorajá-los a reservarem momentos para se desconectarem das telas e se conectarem genuinamente com seus entes queridos.

Nossas relações offline são igualmente importantes para nossa saúde emocional. 

Ao investirmos tempo e energia em conviver com as pessoas que amamos, estabelecemos laços mais profundos e fortalecemos nossa rede de apoio, o que nos ajuda a enfrentar os desafios da vida de forma mais resiliente.

Equilibrar a conectividade digital com relações em presença física pode ser a chave para uma vida mais gratificante e saudável.

É tempo de reinventar nossa forma de conectar.

Desafie-se a estreitar laços, valorizar os encontros genuínos e nutrir seus relacionamentos. 

Afinal, é a partir desse convívio com o outro que nos tornamos humanos, desenvolvemos nossa visão de nós mesmos, dos outros e do mundo à nossa volta.

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