Dias depois de terem estado na embaixada da Noruega, em Brasília, governadores da Amazônia foram a Nova York participar da Conferência do Clima na ONU. A mesma ONU que em 1948 sugeria a internacionalização da Amazônia, criando o Instituto Internacional da Hilea Amazônica. A cobiça cresceu e em 1989 o então vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore dizia que a Amazônia não é dos brasileiros, “é de todos nós”. E o então presidente da França François Mitterrand afirmava que o Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia. Macron atualizou, chamando a Amazônia de “nossa casa”.
Agora na ONU, Macron provocou o presidente do Brasil: “Estamos discutindo tudo isso sem o Brasil presente”. Eu acrescentaria que ausente também na ONU o personagem decisivo no clima da Terra: o Sol. Estavam presentes, no entanto, os governadores do Acre, Mato Grosso, Amazonas e Amapá – Waldez Goes, do DEM, chegou a tirar foto com Macron e Randolphe Alexandre, espécie de governador da colônia vizinha, a Guiana francesa. Ficou no ar um cheirinho de subserviência colonial – o mesmo que rescendeu na embaixada da Noruega – sobrando a imagem do pires na mão pelo dinheiro estrangeiro para o Fundo Amazônico.
Na semana passada, na tribuna do Senado, o jornalista e senador Plínio Valério, representante do Amazonas, fez graves denúncias para justificar seu pedido de CPI sobre a Amazônia. Mostrou em escrituras que a ONG Opção Verde, associada a holandeses, comprou um total de 105 mil hectares em Coari, que tem petróleo e gás. O senador esteve na área do Rio Juma e lembra que o governo federal passado pretende implantar um assentamento de 250 famílias em área verde. No Alto Rio Negro – conta o senador, natural de lá – o Instituto Socioambiental domina uma região em que brasileiro não entra.
O senador Plínio Valério confirma informações que me passaram nesse domingo comandantes de voos comerciais; os aviões que vão para São Gabriel da Cachoeira, na Cabeça do Cachorro, têm a quase totalidade das poltronas ocupadas por canadenses. Alegam que vão fazer filantropia por lá, contou o senador na tribuna. Lembra que o que lá existe é nióbio, ouro, diamante, tântalo. Na BR-174, perto de Manaus, ele recebeu amostras de cassiterita, ametista, e cristal rosa. Da tribuna, ele foi enfático: “O brasileiro precisa entender o que é a Amazônia. Não é a de Gisele Bündchen nem a de Leonardo di Caprio, nem a de Caetano Veloso ou Chico Buarque, dos artistas que falam em protegê-la; não é a Amazônia da Noruega, da Alemanha e da França.” Transcrevo as palavras dele porque as endosso e porque só defendemos realmente aquilo que conhecemos de verdade.