Jornal Estado de Minas

Bolsonaro foi a mina de ouro do PSL e o fundo partidário é o 'pomo da discórdia' da sigla

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O PSL, partido do presidente Bolsonaro, está dividido. Metade com o presidente da República e metade com o presidente – e dono – do partido, deputado Luciano Bivar. A deputada Joyce Hasselmann foi destituída da liderança do governo no Congresso porque apoia a permanência do líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir, e briga com o deputado Eduardo Bolsonaro, que a metade bolsonarista do partido quer na liderança. A briga desses dois, reconheçamos, segue fielmente a transparência que a Constituição exige para o serviço público. Como novo líder do governo no Congresso foi escolhido o senador Eduardo Gomes, do MDB; mais discreto, menos barulhento e com a experiência de já ter ocupado a estratégica 1ª Secretaria da Câmara. O líder do governo no Senado também é do MDB. Como se nota, o governo não está ligado apenas ao PSL.

A origem do racha está na facilidade de se multiplicarem partidos políticos, hoje mais de 30. Com 101 eleitores se pode fundar um partido.
Com menos de 500 mil assinaturas em nove estados é possível obter registro na Justiça Eleitoral, disputar eleições, ter horário grátis no rádio e na TV e... sacar alto no fundo partidário, que faz brilhar os olhos dos donos de partido. Legendas de aluguel, apenas rótulos, marcas de fantasia, sem outra doutrina que o fisiologismo, escolhendo artistas, jogadores de futebol, celebridades, para atrair votos e... mais fundo partidário. Bolsonaro precisava de legenda e o PSL o acolheu. Tinha dois deputados. Depois da eleição de Bolsonaro, ganhou 54 e virou segunda bancada na Câmara Federal.
Vai ter R$ 400 milhões de fundo partidário no ano que vem. Bolsonaro foi a mina de ouro que o PSL descobriu e essa cifra se tornou o pomo da discórdia.

Bolsonaro em campanha falou em mudanças, inclusive nos partidos políticos – transparência, ideias e ideais, altruísmo a serviço do país, investimento do fundo partidário para construir base sólida municipal no próximo ano, quando serão eleitos 5.565 prefeitos. O PSL confiou que a tradição de não cumprir promessa de campanha prevaleceria. Bolsonaro não aceitou ser seu partido apenas como mais do mesmo e denunciou o fisiologismo interno. Frustrou-se com o sonho de que este partido iria servir de modelo para uma reforma política de atitudes e costumes. Metade permaneceu com a fisiologia antiga; a outra metade quer a modernidade da transformação, na busca de um país sério.

Os R$ 400 milhões são o tesouro que herdaram de Bolsonaro e que despertam o imediatismo. Mas em três anos acabarão seus mandatos e não terão a locomotiva que os rebocou. O pior dessa história é que esse monte de dinheiro vem dos impostos de todos; antes vinha de empreiteiras e outras grandes empresas, como um certo frigorífico, nem mercado de compra e venda de medidas provisórias, projetos, propinas, doações de campanha.
O PSL é apenas um entre tantos partidos que não têm interesse em mudar essa vida fisiológica. Pergunte a dirigentes partidários quais são os princípios e doutrina. A resposta vai ser sempre a mesma: justiça social – se assim fosse, já teriam acabado as desigualdades no Brasil. Nas investigações, a Lava-Jato encontrou o mais abjeto fisiologismo em dirigentes e líderes de 14 dos principais partidos, o que confirma a triste situação que o eleitor de outubro tenta mudar.
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