Antes dele, o atual presidente da Justiça Eleitoral, ministro Fachin, fez uma ironia com os militares, que, convidados, apresentaram sugestões para dar mais segurança e transparência às apurações.
Depois de recusar as sugestões, ele disse que “quem trata de eleições são forças desarmadas”, desprezando as forças que foram convidadas para a Comissão de Transparência.
Nada parecido com o ideal de juízes que vão presidir eleições e deveriam ficar olimpicamente distantes do embate político, eleitoral, ideológico e de paixões.
O presidente da República tem sugerido a necessidade de mais segurança e transparência ao processo eleitoral, para mais confiança nas apurações, e feito críticas a ministros. Mas o presidente é um político – e eles são juízes.
Por parte do presidente Fux já existe essa preocupação desde que a expressou em seu discurso de posse, dois anos atrás. A Suprema Corte tem sofrido um desgaste diretamente proporcional às decisões que contrariam a Constituição e os ditames do devido processo legal.
Fica parecendo com um diretório de partido político e, às vezes, com um diretório acadêmico em vésperas de eleição. Como se trata do topo de um Poder, tudo abaixo fica afetado. Até mesmo os estudantes de direito, no seu idealismo pelos princípios da justiça e do direito.
Se, num ano eleitoral, o juiz que vai presidir a eleição já separa os eleitores entre imbecis da internet e os outros, o que se tem é uma farsa de imparcialidade.
O Conselho Nacional de Justiça, que pode julgar juízes, não tem jurisdição sobre o Supremo. Só quem pode fazer isso é o Senado.
Mas o presidente do Senado acaba de declarar que “não deixarei o Supremo isolado”. É um caso inédito de o presidente de um poder se mobilizar para proteger o outro, o que tem por consequência abandonar o dever de preservar a Constituição no encargo eventual de processar e julgar ministros do Supremo.
Significa justificar sua negativa de encaminhar inúmeros pedidos de senadores, por desrespeito à Constituição. E deixar que o desgaste continue.
Todos estamos submetidos à Constituição feita em nosso nome. Ela está acima do Supremo, que é um tribunal constitucional, não um tribunal constituinte. O Supremo não é maior que a Constituição, mas é maior que os ministros que lá estão. O Supremo precisa ser salvo de quem o desgasta.