A palestra de André Esteves (foto), sócio sênior do BTG Pactual, durante o evento CEO Conference Brasil 2020, realizado em São Paulo, foi o retrato do otimismo. “Nenhum brasileiro havia vivido um cenário de inflação e juros baixos”, disse Esteves. “Existe um caldeirão pró-crescimento. Estamos prontos para crescer com estabilidade.” O executivo acrescentou que a alta do PIB nos próximos anos deverá ser sustentada pelo setor privado, pelo mercado de capitais e pelo avanço do crédito, e demonstrou confiança no avanço da agenda reformista. “Estamos perto de um consenso para aprovar a reforma tributária, o que era impensável há alguns anos”, afirmou. Marcos Troyio, secretário especial de Comércio Exterior e que também participou do seminário, vai na mesma linha. “A minha aposta é que o Brasil pode ser o grande vencedor da década pela combinação de fatores externos com o que estamos fazendo internamente.”
"O caminho de qualquer empreendedor bem-sucedido é cheio de derrotas. Ninguém acerta sempre" - Uri Levine, fundador do Waze
2,89% foi quanto cresceram as vendas de combustíveis em 2019, segundo dados da ANP. Para a agência, os números confirmam a retomada econômica
Na indústria, maior confiança em seis anos
Depois dos resultados decepcionantes de 2019, quando a produção industrial encolheu 1,1%, os empresários parecem ter deixado o susto para trás. Segundo prévia da Fundação Getulio Vargas, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) avançou 0,7 em fevereiro em relação a janeiro, chegando a 101,6 pontos. Trata-se do maior nível desde outubro de 2013, ano em que o PIB cresceu 3%. Já o Índice de Situação Atual (ISA), uma espécie de percepção da conjuntura, também chegou ao maior valor em seis anos.
Queda dos juros impulsiona setor imobiliário
A queda da taxa básica de juros, a Selic, é o grande motor do setor imobiliário. No ano passado, os financiamentos de imóveis cresceram 15% na comparação com 2018, o melhor resultado em muitos anos. É fácil explicar o ótimo desempenho. Segundo a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), a redução de um ponto percentual nos juros do financiamento aumenta em 20% o número de famílias com renda suficiente para financiar a casa própria.
Sem Ford, São Bernardo do Campo sofre
Há exato um ano, a Ford anunciava o fechamento de sua fábrica em São Bernardo do Campo, em São Paulo. Desde então, a cidade enfrenta uma série de dificuldades. Nem todos os 2,8 mil funcionários conseguiram se recolocar no mercado. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a indústria do município encerrou 2019 com saldo negativo de 3,3 mil vagas, dado que contrasta com o desempenho de municípios vizinhos. O comércio também sofre com a queda do movimento.
RAPIDINHAS
» Um empresário brasileiro da área de tecnologia acaba de voltar de uma reunião com investidores em Nova York. Ele diz que é curiosa a percepção dos estrangeiros sobre o Brasil. “Os caras perguntam se a agenda liberal do governo é para valer”, diz. “Eles acham que o mercado brasileiro é um campo aberto para oportunidades, mas temem a instabilidade da política.”
» Dono de uma grande empresa de TI, esse empresário retornou dos Estados Unidos com duas certezas. “Enquanto a reforma tributária não sair, não vai ter dinheiro grosso entrando no Brasil”, diz. “Também acho que o governo deveria aliviar um pouco o discurso. Abrir a Amazônia para exploração preocupa os estrangeiros.”
» O banco americano Morgan Stanley vai pagar R$ 13,2 milhões à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para encerrar um processo em que era acusado de manipulação do preço de ações. O caso envolve operações irregulares com papéis da OGX, empresa de Eike Batista, nos pregões de 30 de agosto e 2 de setembro de 2013.
» A EDP Brasil, uma das principais holdings privadas do setor elétrico, estuda a venda de ativos para financiar investimentos. “Poderemos vir a considerar alguma rotação de ativos se aparecerem oportunidades”, disse Miguel Setas, presidente da empresa. “Esse é o resumo de nossa estratégia de crescimento.”