Há alguns dias, Ian Goodfellow, diretor da área de machine learning da Apple (foto), cargo estratégico em empresas de tecnologia, pediu demissão por um motivo surpreendente: a empresa exigiu que ele largasse o home office e desse expediente diário no escritório. Nos Estados Unidos, funcionários de grandes companhias estão se rebelando contra a obrigatoriedade da jornada tradicional. Segundo um estudo do instituto ADP Research, dois terços dos profissionais americanos trocariam de emprego se fossem forçados a retornar ao escritório. Na Apple, um grupo chamado Apple Together enviou uma carta, assinada por 1,4 mil funcionários, pedindo aos executivos da empresa que adotem em definitivo o home office. No Google, 14 mil funcionários solicitaram às chefias que possam trabalhar apenas em casa. A rebelião está se tornando séria, e isso impõe um dilema às grandes companhias. Muitos chefes acham que o trabalho remoto não funciona. Mas, se forem rígidos demais, provavelmente perderão talentos.
Carreira 2: trabalhar em qualquer lugar é nova tendência
Oferecer aos funcionários a possibilidade de trabalhar em home office pode se tornar uma vantagem competitiva no recrutamento de talentos. No mês passado, o Airbnb anunciou vagas de emprego que permitem ao profissional dar expediente em qualquer lugar. Nos três dias seguintes ao anúncio, a página de carreiras da empresa recebeu cerca de 800 mil interessados nas vagas, um recorde. Twitter e Meta, controladora do Facebook, têm programas de contratação parecidos.
Carreira 3: pressão para ficar longe do escritório não funciona nas crises
A pressão dos profissionais para trabalhar em casa funciona em cenários de pleno emprego, nos quais há alta procura pelos melhores talentos. Em situações de crise e de desemprego elevado, o poder de negociação dos funcionários é menor. Nesses casos, ninguém dará à empresa um ultimato com a ameaça do pedido de demissão. No Brasil, país com altos índices de desocupação, a preocupação imediata é conseguir uma vaga e fazer de tudo para se manter empregado.
Carreira 4: no Brasil, maioria quer dar expediente em casa
O home office mudou para sempre o mundo do trabalho, e isso vale também para o mercado brasileiro. Uma pesquisa realizada pela PwC e PageGroup Brasil constatou que 67% dos profissionais em cargos de subordinação preferem o regime integral de home office ao modelo híbrido. Mesmo nas posições de chefia, a preferência se mantém, embora menor – nesse casos, o índice é de 58%. A facilidade com que empresas e trabalhadores se adaptaram à nova realidade durante a pandemia explica números como esses.
R$ 5,9 bilhões
é quanto o fundo canadense Brookfield pagou por 12 prédios corporativos da BR Properties em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília. Trata-se da maior transação imobiliária no país nos últimos anos.
RAPIDINHAS
- Os brasileiros estão reconstruindo pequenas cidades de Portugal – literalmente. Uma nova regra do governo português oferece visto de residência definitiva para quem investir em imóveis residenciais com mais de 30 anos de uso e se comprometer a recuperá-los, mas desde que o bem não esteja localizado em Lisboa, no Porto ou no litoral.
- Em um único mês, os brasileiros investiram 48 milhões de euros no programa português de concessão de vistos, o que corresponde a um aumento de 45% em relação a um ano atrás, quando as regras eram diferentes. Atualmente, segundo o governo local, o Brasil está entre os cinco países mais beneficiados pela concessão de vistos.
- Levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostra como a crise econômica muda hábitos alimentares. Em 2021, o consumo per capita de carne bovina foi de 32,69 quilos, abaixo dos 37,73 quilos de 2019. Enquanto isso, o consumo anual de frango, item mais barato, saltou de 42,84 quilos em 2019 para 45,7 quilos no ano passado.
- O comércio eletrônico brasileiro não para de crescer, mesmo após a explosão da modalidade no auge da pandemia. No primeiro trimestre de 2022, o e-commerce faturou R$ 39,6 bilhões, resultado 12,6% superior ao obtido no mesmo período de 2021. Os dados são da empresa de pesquisas Neotrust.