De reformas ao combate à fome, os desafios do próximo presidente
O próximo presidente terá enormes desafios pela frente. No âmbito interno, será preciso restabelecer a responsabilidade fiscal, o único caminho possível para romper o ciclo de baixo crescimento econômico. O país não acelerará o passo sem reformas no âmbito administrativo, inclusive com cortes de pessoal, e tributário, com a simplificação e redução de impostos. Outra prioridade máxima é a redução da desigualdade social. Ao menos 30 milhões de brasileiros passam fome, uma chaga nacional que precisa ser imediatamente combatida. Ao mesmo tempo, o Brasil tem a obrigação de atrair a atenção dos investidores estrangeiros e não menos! Urgente é ampliar os aportes em infraestrutura – só assim daremos um salto de competitividade. No cenário externo, há o risco real de recessão na Europa e nos Estados Unidos e crescimento baixo na China, complicadores que podem afetar o desempenho brasileiro. Como se vê, as dificuldades têm o tamanho do Brasil.
Emprego sobe, mas renda cai
A taxa de desemprego no Brasil caiu para 8,9% no trimestre encerrado em agosto – é o menor patamar desde 2015. A notícia é positiva, mas deve-se analisá-la sob todos os ângulos. As vagas aumentaram nos últimos meses, mas a remuneração piorou. De acordo com o Ipea, os rendimentos médios dos brasileiros recuaram 8,7% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período do ano passado. Na agenda econômica de 2023, será preciso aumentar tanto o emprego quanto os níveis de renda.
Inflação deverá dar trégua
Um dos maiores entraves para o crescimento econômico é a inflação sem controle. Nesse aspecto, o próximo presidente provavelmente encontrará um cenário mais ameno. Projeção realizada pela gestora Bradesco Asset aponta para um alívio significativo na alta de preços, com 5% em 2023 e 3,5% em 2024. A gestora Asset1 espera resultado ainda melhor, com IPCA de 4,6% no ano que vem. Segundo analistas, uma das razões para a queda é a normalização global das cadeias de suprimento no pós-pandemia.
O perigo da “licença para gastar”
Criada em 2016, a lei do teto de gastos impões limites para as despesas públicas. Se o governo gasta mais em algo, deve realizar cortes em outras áreas. Esculhambada pelo governo Bolsonaro, a lei dificilmente será respeitada na próxima gestão. De todo modo, algum mecanismo de âncora fiscal deveria ser adotado para impedir que o governo tenha “licença para gastar.” Pesquisa do Bank of America com gestores de fundos mostrou que 60% deles estão preocupados com a política fiscal no pós-eleição .
68,9 milhões
de brasileiros têm o nome sujo, segundo a Serasa Experian. Reduzir os elevados níveis de inadimplência é um desafio para o futuro presidente
"A solução para o Brasil é cortar despesas, fazer a reforma administrativa e trazer capital privado
e estrangeiro para investimentos no Brasil"
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central