(none) || (none)

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas COLUNA

Alimentação saudável anticâncer no fim de ano

Manter uma dieta equilibrada ajuda a prevenir não apenas o câncer, como também doenças cardiovasculares, diabetes e outras alterações


20/12/2020 04:00 - atualizado 20/12/2020 07:38

Não há dúvidas de que um dos componentes básicos das festividades de fim de ano é a fartura à mesa, que recebe carnes de todos os tipos, maioneses, bebidas alcoólicas, farofas etc., normalmente nada saudáveis.

“Mas, doutor, uma vez ou outra – como em uma festividade – exagerar um pouco na alimentação não tem problema, certo?” A questão é que de festividade em festividade (Natal, ano-novo, carnaval, Páscoa, festas juninas, sem contar os fins de semana...), a dieta segue de má qualidade.

Este ano, apesar de várias dessas comemorações não terem sido realizadas à maneira tradicional, a alimentação do brasileiro sofreu ainda mais pela preferência das famílias em consumir produtos industrializados durante o isolamento em casa.

O estudo ConVid Pesquisa de Comportamentos, conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), demonstrou que o hábito de consumir legumes e verduras cinco vezes ou mais na semana durante a pandemia ficou em 33% entre os participantes, contra 37,3% antes da pandemia (o que também não era favorável).

A alimentação está relacionada à possibilidade de câncer por pelo menos três aspectos: 1– Algumas substâncias nutritivas e antioxidantes podem prevenir a doença, enquanto outras (como as gorduras saturadas e gorduras poli-insaturadas de origem vegetal, como a gordura trans) podem facilitar seu aparecimento, pois agem como carcinógenos; 2 – A alimentação desequilibrada facilitará a obesidade e o sobrepeso, que são fatores de desenvolvimento do câncer; e 3 – Devido à interferência na flora intestinal (microbiana) e imunidade.

Elementos como aminoácidos, calorias, vitaminas A, D, E, cianocobalamina, piridoxina, ácido fólico e minerais como ferro, zinco, cobre, magnésio e selênio se destacam como nutrientes associados ao funcionamento do sistema imune. Em resumo, o estado nutricional de cada indivíduo determina a habilidade metabólica celular e a eficiência do sistema de reação, proteção e autorreparação celular.

A dieta preventiva será rica em vitaminas C e E, licopeno, resveratrol, fitoestrógenos – isoflavona, indol-6-carbinol (repolho, couve-flor, brócolis). O consumo de frutas, vegetais e leguminosas fornece muitos micronutrientes e uma variedade de fitoquímicos, que demonstraram efeitos anticancerígenos em estudos. Carnes artificialmente conservadas, especialmente as salgadas e defumadas, como a carne de sol e o bacon, além das processadas, enlatadas e embutidas, causam câncer de estômago, cólon, esôfago e, possivelmente, de pâncreas.

A conservação química provoca uma transformação do nitrato em nitrito e, posteriormente, já no organismo, do nitrito em nitrosamina, que, por sua vez, é um poderoso agente cancerígeno. Uma dieta rica em calorias, gordura saturada, gorduras trans e proteína animal e pobre em fibra vegetal, verduras legumes e frutas é relacionada ao surgimento de tumores de mama, endométrio, próstata, intestino grosso e vesícula biliar.

Por sua vez, o consumo de bebidas alcoólicas está associado a até 5% dos novos casos anuais de câncer no mundo, conforme dados da Sociedade Americana de Oncologia Clínica. Estudo publicado na revista Cancer é ainda mais alarmante: o consumo diário de uma taça e meia de vinho (177ml), uma lata e meia de cerveja (500ml) ou menos de um copo de uísque (35ml) durante 10 anos aumenta o risco de câncer em 5%. Após 40 anos, o risco de desenvolver a doença aumenta em 54%.

Então, primeiramente, a minha dica é: mantenha o isolamento nesta reta final, pois, como temos visto, o contágio por coronavírus segue avançando. Falta pouco para termos uma vacina e precisamos ter paciência até que isso aconteça. Em relação à alimentação nos lares durante a ceia de Natal e de ano-novo, é possível ter uma mesa vasta e saudável: reduza o consumo de sal e açúcares, dando preferência para outras formas de saborização; prefira alimentos in natura em detrimento daqueles industrializados; aposte em carnes magras e peixes; enriqueça sua ceia com frutas e legumes; priorize formas de preparo que não utilizem maiores quantidades de óleos e gorduras.

E, dito isso, que essas ocasiões sejam aproveitadas para renovação de hábitos de vida, com foco em manter a saúde em longo prazo! Que 2021 seja mais saudável para todos!

André Murad é oncologista, diretor-executivo da Personal Oncologia de Precisão e Personalizada e oncogeneticista no Centro de Câncer Brasília/Cettro

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)