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Estado de Minas ONCOLOGIA

Câncer cerebral: um inimigo raro, mas impactante

Causa da maior parte dos tumores cerebrais ainda é desconhecida


11/04/2021 04:00 - atualizado 11/04/2021 08:05


O tumor cerebral ou neoplasia intracraniana é considerado grave por ser de difícil acesso e afetar funções motoras do corpo. Ocorre quando se formam células anormais no cérebro e pode ser de dois tipos: tumores benignos, que são facilmente tratados, e malignos (ou cancerosos), que subdividem-se em dois tipos: primários e secundários.

Enquanto os tumores malignos primários começam a se formar no próprio cérebro, os tumores malignos secundários nascem em órgãos fora do cérebro, mas se espalham em forma de metástases, atingindo o cérebro.
 
Os sintomas variam conforme a parte do cérebro afetada, mas, em geral, incluem dores de cabeça, convulsões, problemas de visão, formigamentos, déficits de força muscular e sensoriais, vômitos e perturbações mentais.

A dor de cabeça é geralmente mais intensa durante a manhã e desaparece após os vômitos. Alguns tipos de tumor podem provocar dificuldade em caminhar e falar.

Os tumores do cérebro secundários, ou metástases, são mais comuns que os tumores do cérebro primários. Cerca de metade das metástases é proveniente de um câncer de pulmão ou de mama. Já os tumores cerebrais primários afetam cerca de 250 mil pessoas por ano em todo o mundo, o que corresponde a menos de 2% do total dos casos de câncer.

Em jovens com idade inferior a 15 anos, os tumores do cérebro são a segunda principal causa de câncer.

A causa da maior parte dos tumores cerebrais é desconhecida. Entre os fatores de risco que podem ocasionalmente estar envolvidos estão uma série de condições hereditárias conhecidas, como a neurofibromatose e a síndrome de Li Fraumeni, além das causas adquiridas como a exposição ao cloreto de vinil, ao vírus de Epstein-Barr e à radiação ionizante.

Os tipos mais comuns de tumores primários em adultos são os meningiomas (geralmente benignos) e os astrocitomas, tais como os gliomas e os gliobastomas (malignos). Em crianças, o tipo mais comum são os meduloblastomas malignos. Linfomas também podem acometer primariamente o cérebro.

Nos casos de suspeita de tumores resultantes de síndromes hereditárias de predisposição a câncer, um oncogeneticista sempre deve ser consultado, e uma vez identificada a alteração genética, demais membros da família devem se submeter à pesquisa da alteração genética específica.

O diagnóstico é geralmente realizado através de exame clínico auxiliado por imagens de tomografia computadorizada ou ressonância magnética, sendo confirmado por biópsia. Com base nas observações patológicas, os tumores são divididos em diferentes graus de gravidade.

O tratamento pode incluir uma combinação de cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Nos casos em que ocorrem convulsões podem ser administrados anticonvulsivantes. Para diminuir o inchaço à volta do tumor podem ser administrados corticosteroides.

Assim como para outros tipos de tumor, a criteriosa análise molecular, disponível com o avanço da oncogenética e oncogenômica, pode ser um diferencial para o tratamento dos pacientes. Certa vez, um paciente meu, portador de glioblastoma multiforme, foi operado, mas, como o tumor ocupava uma área nobre do cérebro, a cirurgia foi apenas parcial. Por isso, uma grande quantidade de tecido tumoral remanescente ainda causava muitos sintomas e déficits neurológicos.

Diante do quadro, solicitei exames genéticos específicos. Os resultados confirmaram alterações moleculares que indicaram, além de um melhor prognóstico da doença, uma melhor resposta ao tratamento combinado de um quimioterápico, a temozolomida, e a radioterapia. E assim se sucedeu: o tumor regrediu totalmente com a terapêutica e assim permanece, há dois anos do início do mesmo.

O prognóstico varia consideravelmente de acordo com o tipo de tumor e de quanto se encontra disseminado no momento do diagnóstico. No caso dos glioblastomas, é geralmente pouco favorável, enquanto os meningiomas têm geralmente prognóstico positivo.

Mais recentemente, o tratamento alvo-molecular vem ganhando aplicação no tratamento de gliomas e glioblastomas. A boa notícia é que também estão sendo investigados tratamentos à base de imunoterapia, os quais estimulam o próprio sistema imunológico do paciente a combater a doença.

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