A alimentação bem equilibrada e rica, por exemplo, em frutas, legumes, fibras, grãos e peixes é suficiente para atender às necessidades nutricionais do nosso corpo. No entanto, a correria do dia a dia e, muitas vezes, a vontade de conseguir resultados mais imediatos levam algumas pessoas a utilizar suplementação mesmo sem necessidade e sem recomendação médica.
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Desde a década de 1990, inúmeras pesquisas indicam a mesma situação: megadoses de vitaminas e de antioxidantes administrados de forma artificial por suplementação não têm um efeito preventivo de doenças, não apresentam nenhuma influência no tratamento, ou, o que é pior, têm um efeito deletério, interferindo negativamente na sobrevida dos pacientes de câncer. Ou seja, os pacientes acabam tendo uma sobrevida menor do que quem não faz a suplementação.
Uma das hipóteses para o aumento da mortalidade entre os consumidores de antioxidantes é o bloqueio do efeito da quimioterapia. De fato, uma certa quantidade de antioxidantes, vindos da alimentação, ajuda a controlar a quantidade de radicais livres no organismo, pois esses, em excesso, podem oxidar células saudáveis, proteínas, lipídios e até o DNA.
Mas esse processo de oxidação natural e em equilíbrio é importante para que as células cancerígenas sejam eliminadas tanto pela quimioterapia quanto pelo próprio sistema imunológico, no caso, por exemplo, de pacientes fumantes.
Mas esse processo de oxidação natural e em equilíbrio é importante para que as células cancerígenas sejam eliminadas tanto pela quimioterapia quanto pelo próprio sistema imunológico, no caso, por exemplo, de pacientes fumantes.
Então, quando o paciente ingere pela suplementação uma quantidade muito maior do que a natural, acaba criando um bloqueio na oxidação natural e dificultando o efeito lesivo da quimioterapia nas células tumorais, e mesmo o efeito do sistema imunológico natural que nós temos.
Essas informações abrem espaço para questionarmos os hábitos nacionais: 54% dos lares têm pelo menos um indivíduo que consome suplementos, segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad). As vitaminas (48%), os minerais (22%) e os suplementos extraídos de plantas (19%) representam a maior fatia de consumo.
Isso significa que todas essas pessoas deveriam parar com a ingestão de suplementação? Se não houver indicação médica, provavelmente. A suplementação artificial feita com cápsulas compradas é uma ótima alternativa para pessoas que não conseguem suprir, pela alimentação, a necessidade diária de micronutrientes. Mas, para quem não tem nenhuma deficiência alimentar, não se recomenda essa suplementação.
Não há estudos que comprovem os benefícios. Pelo contrário. Portanto, não se deve utilizar sem ter uma recomendação médica. A vitamina D (que na verdade é um hormônio), por exemplo, pode ser obtida em quantidade suficiente (30nmol/l) a partir de fontes alimentares (óleo de fígado de bacalhau e peixes gordurosos – salmão, atum, cavala), ou por meio da síntese cutânea endógena, que representa a principal fonte dessa “vitamina”.
No entanto, há suplementos oferecendo doses de até 62,5 microgramas, sem receita. Em doses tão altas e sem necessidade, podem ocorrer efeitos colaterais, incluindo náusea e vômito. Algumas pesquisas sugerem, inclusive, que em longo prazo a suplementação excessiva de vitamina D pode ter outras consequências, como o risco de doença cardiovascular.
Como saber então qual a dose certa e se preciso ingerir algum suplemento? É simples. Em primeiro lugar, é importante se alimentar da forma mais natural e equilibrada possível; em segundo lugar, manter as consultas e exames de checape médico em dia.
Hoje, nós temos formas de identificar, inclusive, as dosagens de micronutrientes no sangue para saber se é necessária ou não a suplementação.
Hoje, nós temos formas de identificar, inclusive, as dosagens de micronutrientes no sangue para saber se é necessária ou não a suplementação.