O câncer colorretal abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. Trata-se de um dos tipos mais tratáveis quando diagnosticado de forma precoce. Inclusive, as lesões precursoras de câncer de intestino (os chamados pólipos colônicos) podem ser removidas mesmo antes que se transformem em um tumor maligno.
Isso é feito por via endoscópica, durante a realização da colonoscopia, através de um aparelho que se chama colonoscópio, que percorre todo o intestino grosso internamente através do ânus, e sem a necessidade da remoção cirúrgica de parte do intestino, como usualmente ocorre quando o câncer já se encontra instalado.
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Há dois grupos distintos para os quais o rastreamento é diferenciado. Primeiramente, o grupo de baixo risco é composto de pessoas que não são portadores de doença inflamatória intestinal e não possuem história familiar de câncer de cólon. Pessoas nessas condições devem iniciar rastreamento a partir dos 50 anos.
Os exames devem incluir pesquisa de sangue oculto nas fezes (anual); a colonoscopia (o ideal) ou retossigmoidoscopia a cada três anos (se o primeiro exame for normal). Essa indicação, contudo, tem sido questionada à luz de estudos mais recentes, que não identificaram redução da mortalidade por câncer de intestino com o rastreamento com colonoscopias em pessoas do grupo de baixo risco.
Há também o grupo de risco aumentado formado por pessoas com antecedente pessoal ou familiar de câncer do intestino, ovário, endométrio, mama, tireoide ou portadoras de síndrome de Lynch (doença genética hereditária que predispõe a cânceres, especialmente de intestino e endométrio), que devem iniciar o rastreamento a partir dos 40 anos (ou cinco anos antes da idade de diagnóstico do familiar com doença mais jovem) através de colonoscopia.
Já as pessoas com antecedente de doença inflamatória intestinal (retocolite ulcerativa ou doença de Crohn) devem iniciar o rastreamento ao completar entre 7 e 10 anos de tratamento da doença.
Por sua vez, os portadores da doença genética polipose adenomatosa familiar (PAF) apresentam pólipos múltiplos intestinais e câncer de colorretal em idade muito jovem, por vezes ainda na puberdade/adolescência. Um especialista vai determinar a melhor idade para se iniciar o rastreamento e também a cirurgia de remoção preventiva do intestino grosso.
Sempre me perguntam: e o toque retal? Para ambos os grupos, de baixo risco ou risco aumentado, o exame toque retal realizado pelo médico deve fazer parte do exame clínico geral, pois avalia a borda anal, todo o reto e a próstata (em homens), devendo ser utilizado tanto em homens quanto em mulheres.
Voltando às pessoas de risco hereditário, a síndrome de câncer colorretal hereditário se subdivide em polipose, que compreende a polipose adenomatosa familiar (PAF), a polipose familiar juvenil e a sindrome? de Peutz-Jegher; e não poliposa, representado pelo cancer? colorretal hereditario? nao? polipoide (HNPCC) ou síndrome de Lynch.
Essas doenças hoje são detectadas com eficácia através da análise genética do DNA de células da saliva ou sangue. Uma vez identificada a mutação ou mutações predisponentes, um aconselhamento especializado é oferecido, e as condutas preventivas variam entre colonoscopias anuais, uso de medicamentos preventivos como a aspirina e até a remoção preventiva do intestino grosso.
A prevenção, claro, é universal. Vale para todas as pessoas. Se o leitor alguma vez ouviu a expressão “você é o que você come”, saiba que ela é muito verdadeira, sendo a alimentação relacionada não só ao câncer de intestino, mas a muitos outros. Dessa forma, a prevenção deste câncer inclui, além do controle de peso e atividade física regular, a alimentação saudável, com consumo de fibras (25g a 30g de fibras), frutas e vegetais frescos, redução de gorduras na dieta (principalmente as de origem animal e a gordura trans), de carne vermelha, de alimentos processados, embutidos, enlatados e de álcool.