Este é o segundo fator de risco para o desenvolvimento de câncer, ficando atrás apenas do tabagismo, de acordo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A população mundial está continuamente mais pesada, o que torna a obesidade um problema de saúde pública.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), uma criança obesa tem um risco 30% maior de tornar-se um adulto obeso. Entre os adultos com excesso de peso as maiores incidências de tumores estão relacionadas ao rim, vesícula, pâncreas, intestinos, próstata, endométrio e mama.
É importante ressaltar que as hipóteses para se justificar a associação de câncer e obesidade se sustentam em quatro pilares: causas hormonais, processo inflamatório crônico, erro alimentar e causas diretas.
Nas causas hormonais, o excesso de tecido gorduroso leva a um aumento da quantidade de estrógeno circulante, que por sua vez está ligado ao aumento de incidência de tumores, como os de mama, útero e intestino.
Indivíduos propensos a desenvolver doenças inflamatórias crônicas têm maior risco de câncer, e os inflamassomas desempenham um papel importante no desenvolvimento do câncer, mostrando ações de promoção ou supressão de tumor, dependendo do tipo de tumor. Os inflamassomas não estão apenas implicados no câncer de cólon associado à obesidade, mas pode ser mais relevante em pacientes obesos.
Uma nova descoberta do estudo foi que tanto a obesidade quanto o câncer de cólon aumentam os níveis de expressão gênica das proteínas NLRP3, NLRP6, ASC e NOD2 no tecido adiposo visceral (VAT), sugerindo que a inflamação do tecido adiposo visceral associada à obesidade cria um microambiente favorável para o desenvolvimento do câncer de cólon.
Os investigadores também encontraram níveis regulados positivamente de IL-1β no VAT de indivíduos que eram obesos, bem como aqueles com câncer de cólon, uma observação que fortalece a hipótese de que a produção dependente do inflamassoma dessas citocinas pode influenciar a tumorigênese do cólon.
A mesma proteína também está ligada à integridade epitelial e à perda de NLRP6, e a IL-18 – seu principal efetor no intestino – foi associada ao aumento da mortalidade no câncer colorretal. Assim, a expressão reduzida de NLRP6 e IL-18 no cólon de pacientes com câncer de cólon sugere uma regulação prejudicada na cascata inflamatória e uma diminuição na integridade da barreira intestinal.
Mas também foi demonstrado recentemente que os níveis normais de adiponectina inibem o crescimento das células do câncer colorretal. É muito importante levar em consideração que os inflamassomas têm papéis contrastantes na tumorigênese, demonstrando efeitos prejudiciais, mas também paradoxalmente benéficos.
O desenvolvimento de antagonistas de NLRP3 que podem bloquear a via de sinalização de IL-1β é atualmente uma importante área de pesquisa.
Vários inibidores do inflamassoma NLRP3 estão sendo desenvolvidos. Os inibidores farmacológicos da via NLRP3 podem oferecer uma opção de tratamento em uma ampla gama de doenças crônicas e autoinflamatórias para as quais atualmente não existem terapias adequadas.
Estratégias para restaurar as funções de imunovigilância dos componentes do inflamassoma podem representar um alvo interessante para identificar e tratar pacientes com obesidade com risco aumentado de desenvolver câncer colorretal.