Condições crônicas preexistentes (morbidades) são comuns entre a população em geral e entre aqueles diagnosticados com câncer. As evidências atuais indicam que os indivíduos com morbidades são mais propensos a ser diagnosticados como uma emergência (o que é tipicamente associado a resultados clínicos e desfechos piores) e maior probabilidade de ser diagnosticado com câncer avançado, embora os efeitos variem de acordo com a morbidade específica; e muitas vezes experimentam intervalos mais longos para o tratamento.
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Identificar câncer renal no exame de urinaProjeções de aumento de casos e mortes por câncerHistória da síndrome hereditária de Li-Fraumeni de predisposição ao câncerProteína ligada ao Alzheimer favorece disseminação do melanoma no cérebro Sequenciamento completo do genoma é finalmente concluídoRemoção das tubas uterinas pode reduzir o risco de câncer de ovárioCigarro eletrônico não contribui para a cessação do tabagismoO gerenciamento de doenças existentes pode ser priorizado em relação à avaliação de novos sintomas causados por câncer ainda não diagnosticado (a hipótese das “demandas concorrentes”); ou enviesar a interpretação de novos sintomas, particularmente se eles pudessem estar plausivelmente relacionados à morbidade (a hipótese de "explicações alternativas"), ambos contribuindo para o obscurecimento do diagnóstico.
Por outro lado, os indivíduos com morbidades preexistentes podem ser mais propensos a ter um diagnóstico incidental e mais rápido de câncer por meio de monitoramento de rotina (a hipótese do “efeito de vigilância”).
Essas descobertas são baseadas em um estudo retrospectivo de dados de 11.716 pacientes com câncer da Auditoria Nacional de Diagnóstico do Câncer do Reino Unido – uma iniciativa que teve como objetivo compreender melhor a jornada dos pacientes com câncer, desde os cuidados primários até o diagnóstico.
Três quartos dos participantes do estudo apresentavam pelo menos uma morbidade no prontuário da atenção básica, segundo os autores da nova pesquisa, publicada recentemente na revista médica Family Practice.
Essas descobertas são baseadas em um estudo retrospectivo de dados de 11.716 pacientes com câncer da Auditoria Nacional de Diagnóstico do Câncer do Reino Unido – uma iniciativa que teve como objetivo compreender melhor a jornada dos pacientes com câncer, desde os cuidados primários até o diagnóstico.
Três quartos dos participantes do estudo apresentavam pelo menos uma morbidade no prontuário da atenção básica, segundo os autores da nova pesquisa, publicada recentemente na revista médica Family Practice.
Em sua análise de todos os dados do paciente, Minjoung M. Koo e colegas descobriram que o tempo médio entre a primeira apresentação a um médico de atenção primária com sintomas de câncer e o encaminhamento a um especialista foi de cinco dias. Para todos os pacientes estudados, o tempo médio para receber o diagnóstico de câncer foi de 42 dias, escreveram os pesquisadores.
Pacientes com morbidades múltiplas tinham 26% mais probabilidade de ter seu câncer diagnosticado pelo menos 60 dias após a consulta inicial de atenção primária do que aqueles sem morbidades.
O estudo também demonstrou uma associação entre morbidades e a probabilidade de receber um encaminhamento de emergência. Aqueles com três ou mais morbidades tiveram 60% mais chance de ter um encaminhamento de emergência do que aqueles sem comorbidades.
O estudo também demonstrou uma associação entre morbidades e a probabilidade de receber um encaminhamento de emergência. Aqueles com três ou mais morbidades tiveram 60% mais chance de ter um encaminhamento de emergência do que aqueles sem comorbidades.
Aqueles com pontuação de Charlson igual ou superior a três tiveram 61% mais chances de ser encaminhados a um pronto-socorro. A maior probabilidade de complexidade clínica ou deterioração aguda entre indivíduos com condições crônicas múltiplas ou graves significa que um encaminhamento de emergência pode ser clinicamente apropriado.
Os autores concluíram então ser razoável sugerir que tanto os esforços de melhoria quanto as pesquisas futuras nesse campo devam ter como alvo os pacientes com morbidade múltipla ou grave e explorar as razões para intervalos diagnósticos prolongados no atendimento especializado.
André Murad é oncologista, diretor-executivo da Personal Oncologia de Precisão e Personalizada e oncogeneticista no Centro de Câncer Brasília - Cettro e do Instituto Kaplan de Porto Alegre