O câncer de pulmão é uma doença causada por vários fatores, como a fumaça do tabaco, o gás radônio e o amianto. No entanto, uma causa amplamente negligenciada é a relação entre a poluição do ar e o câncer de pulmão.
Existem inúmeros estudos básicos, translacionais e epidemiológicos, demonstrando que a poluição do ar causa aproximadamente 14% dos casos de câncer de pulmão em todo o mundo. Um corpo substancial de evidências sobre poluição do ar e risco de mortalidade geral vem de estudos de sobrevivência de coortes (grupo de pessoas utilizado em estudos ou em investigação), que avaliaram índices de mortalidade por poluição do ar e associações enquanto controlavam fatores de risco importantes. Vários estudos epidemiológicos mostraram que as pessoas que vivem em áreas com alta poluição do ar são mais propensas a morrer de câncer de pulmão do que as demais, incluindo pessoas que nunca fumaram.
A poluição do ar externo e seu principal componente, o material particulado, foram classificados como cancerígenos do Grupo 1 pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer. Embora muitos componentes da poluição do ar ambiente externo sejam prejudiciais à saúde, um dos piores culpados é o material particulado 2.5 (PM2.5). A exposição crônica e persistente ao PM2.5 pode exacerbar, por exemplo, a doença pulmonar obstrutiva crônica e causar câncer de pulmão, mesmo em pessoas que nunca fumaram.
Estima-se que cada 10µ/m3 de aumento de PM2.5 esteja associado a um aumento de 14% na mortalidade por câncer de pulmão. O ar urbano contém carcinógenos humanos conhecidos e suspeitos, como benzopireno, benzeno e 1,3-butadieno, junto com partículas à base de carbono, nas quais carcinógenos podem ser absorvidos por oxidantes como ozônio e dióxido de nitrogênio, e óxidos de enxofre e nitrogênio em forma de partículas. O aumento do câncer de pulmão também foi relatado entre trabalhadores expostos ocupacionalmente a componentes da poluição do ar urbano, como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e exaustão de diesel.
Estima-se que a exposição à poluição do ar contribua para 62 mil mortes por câncer de pulmão por ano em todo o mundo, além das 712 mil mortes por doenças cardíacas e respiratórias não malignas atribuíveis à poluição do ar.
A Associação Internacional para o Estudo do Câncer de Pulmão (IALSC) é a maior organização profissional do mundo dedicada à prevenção e tratamento do câncer de pulmão. Como uma organização internacional de profissionais de câncer de pulmão e defensores do atendimento a pessoas em países desenvolvidos e em desenvolvimento, e indivíduos vulneráveis que vivem em áreas com forte poluição do ar, apoia a defesa do ar limpo e conclama todas as organizações de saúde e órgãos legislativos relevantes a apoiarem as sugestões e declarações de política antipoluição ambiental da entidade.
A IASLC
» Estimula todos os órgãos legislativos locais, nacionais e internacionais relevantes a restringirem as metas de emissões atmosféricas aos níveis mais baixos, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde
» Incentiva as organizações de saúde a defenderem a redução das emissões de combustíveis fósseis e energia limpa e sustentável
» Incentiva a colaboração entre organizações de saúde na defesa do clima e sustentabilidade ambiental
» Incentiva as organizações de saúde a desinvestirem das empresas de combustíveis fósseis
» Apoia mais pesquisas sobre os efeitos fisiopatológicos e carcinogênicos do PM2.5 e outros poluentes na saúde humana
» Estimula e conclama todas as organizações de saúde a reduzirem sua pegada de carbono em reuniões nacionais e internacionais, incentivando a participação virtual e diminuindo a quantidade de papel e resíduos gerados pela indústria e parceiros não industriais