Estudo recentemente publicado fez uma descoberta interessante: ao contrário do que se supunha, nossos cromossomos são fluidos, quase líquidos, enquanto estão fora de suas fases de divisão. Essa descoberta foi possibilitada pela manipulação mecânica direta de cromossomos no núcleo de células vivas.
Pesquisadores atuaram com sucesso fisicamente em cromossomos em células vivas pela primeira vez, exatamente com o objetivo de se avaliar o estado físico dos cromossomos das células humanas. Eles descobriram que, fora das fases de divisão celular, os cromossomos são realmente muito fluidos – quase líquidos – ao ser submetidos a diferentes forças, como na presença de ímãs. O estudo foi publicado recentemente na prestigiada revista científica Science.
Anteriormente, os cromossomos, que são moléculas de DNA extraordinariamente longas, eram representados como emaranhados, como bolas enoveladas e soltas, como uma espécie de gel. As descobertas desta nova publicação apresentam uma imagem completamente diferente. Os cromossomos são fluidos e livres para se mover, irrestritos pelas outras partes que compõem o núcleo e podem se reorganizar.
Para chegar a essas conclusões publicadas na Science, cientistas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), do Instituto Curie e da Universidade Sorbonne, na França, e trabalhando nos laboratórios de dinâmica nuclear, química física e biologia celular e câncer, e em colaboração com cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, anexaram nanopartículas magnéticas a uma pequena porção de um cromossomo em uma célula viva. Então, eles esticaram o cromossomo, exercendo diferentes graus de força, graças a um microímã fora da célula. Usando essa abordagem, as equipes conseguiram medir a resposta de um cromossomo a forças externas, pela primeira vez em uma célula viva.
Por meio desses experimentos, os cientistas puderam ver que a gama de forças exercidas naturalmente no núcleo – por exemplo, por enzimas que replicam o DNA – é suficiente para alterar substancialmente a conformação de um cromossomo. Essa grande descoberta, que contou com a interface entre física e biologia, altera substancialmente a representação dos cromossomos até então estabelecida. Também adiciona novos elementos à nossa compreensão dos processos biológicos, da biofísica dos cromossomos e da organização do nosso genoma.