Jornal Estado de Minas

Dr. André Murad

Descoberta possibilita novos tratamentos para câncer de fígado

Pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde e do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, descobriram uma nova abordagem potencial contra o câncer de fígado que pode levar ao desenvolvimento de uma nova classe de medicamentos anticancerígenos.  Em uma série de experimentos em células e camundongos, os pesquisadores descobriram que uma enzima produzida em células de câncer de fígado poderia converter um grupo de compostos em drogas anticancerígenas, matando células e reduzindo doenças em animais. Os pesquisadores sugerem que esta enzima pode se tornar um alvo potencial para o desenvolvimento de novos medicamentos contra o câncer de fígado e talvez outros tipos de câncer e doenças também.





 

Uma  molécula que elimina células em um raro câncer de fígado de uma maneira única foi descoberta. Ela surgiu de uma triagem para se encontrarem moléculas que eliminam seletivamente células de câncer de fígado humano.  Foi necessário um longo  trabalho para se descobrir que a molécula é convertida por uma enzima nessas células cancerígenas do fígado, criando uma droga anticancerígena tóxica. 

A descoberta foi publicada recentemente na prestigiada revista Nature Cancer  e decorreu de uma colaboração entre os pesquisadores do Massachusetts General Hospital e do NCATS.  Bardeesy estava originalmente estudando o colangiocarcinoma, um tipo de câncer de fígado que afeta os ductos biliares e apresenta em uma porcentagem razoável de casos, uma mutação no gene que codifica a enzima IDH1.  A equipe de Bardeesy queria encontrar compostos e medicamentos que pudessem ser eficazes contra a mutação IDH1.  Por meio de uma colaboração com o NCATS, Hall e outros cientistas do NCATS testaram rapidamente milhares de medicamentos aprovados e agentes experimentais contra o câncer quanto à sua eficácia na morte de células de colangiocarcinoma, tendo o IDH1 como alvo.

 

Eles descobriram que várias moléculas, incluindo uma chamada YC-1, poderiam eliminar as células cancerígenas.  No entanto, quando eles se debruçaram no entendimento de como o YC-1 estava funcionando, descobriram que o composto não estava afetando a mutação IDH1.





 

Na verdade, as células de câncer de fígado produziam uma enzima, SULT1A1.  Esta enzima ativa o composto YC-1, tornando-o tóxico para células tumorais em culturas de células cancerígenas e modelos de câncer de fígado em camundongos.  Nos modelos animais tratados com YC-1, os tumores hepáticos tiveram crescimento reduzido ou encolheram.  Por outro lado, os pesquisadores não encontraram alterações nos tumores tratados com YC-1 em animais com células cancerígenas sem a enzima.

 

Os pesquisadores examinaram outros bancos de dados de resultados de triagem de drogas em bibliotecas de compostos e drogas para combinar a atividade da droga com a atividade SULT1A1.  Eles também analisaram um grande banco de dados do National Cancer Institute de compostos anticâncer para possibilidades adicionais para testar sua atividade com a enzima.

 

Eles identificaram várias classes de compostos que dependiam do SULT1A1 para sua atividade de matar tumores.  Usando métodos computacionais, eles previram outros compostos que provavelmente também dependiam de SULT1A1.

 

Os cientistas sugerem que essas descobertas têm implicações mais amplas para o desenvolvimento de novos medicamentos anticancerígenos.  “Acreditamos que essas moléculas têm potencial para ser uma classe inexplorada de drogas anticancerígenas que dependem do SULT1A1 para sua atividade contra tumores.