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Método psicoterapêutico criado nos EUA ajuda a combater o suicídio

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Abordagem criada para tratar traumas nos EUA já é difundida no Brasil e pode ser a chave para suicidas, o assunto da campanha Setembro Amarelo. Mês em que me recordo, com saudade, de algumas amigas que se foram por vontade própria. Portanto, o tema é mais do que pertinente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio em algum lugar do mundo. Cerca de 800 mil pessoas se matam todos os anos. Em 2016, o suicídio foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o planeta.





"Para cada morte, há um número ainda maior de pessoas que tentam o suicídio, e a tentativa prévia é o fator de risco mais importante para o suicídio na população em geral", diz Sirley Bittu, psicóloga e vice-presidente da Associação Brasileira de EMDR, que difunde no país a abordagem criada na década de 1990 nos EUA, recomendada pela OMS para tratamento de traumas. "O EMDR já se mostrou eficaz como forma de prevenir as tentativas de suicídio”, afirma Sirley.

O que será isso, que poucos conhecem? EMDR é uma forma de psicoterapia eficaz na prevenção do autoextermínio, pois permite ao paciente identificar, elaborar e superar traumas e eventos adversos que contribuem para a visão pessimista e sem esperança da própria vida. Quando uma situação traumática acontece, a pessoa fica presa no momento do evento. Flashbacks, pesadelos e insônia são sintomas frequentes que denunciam a dificuldade de elaborar a situação vivenciada. O EMDR ajuda o paciente a integrar essa memória à sua biografia, tornando-se parte de sua história e não mais de seu presente.

Com o EMDR, é possível desenvolver e ampliar a capacidade de tolerância emocional e consequente resiliência, ajudando a desenvolver adultos, crianças e jovens mais saudáveis com capacidade de se autoacalmar, lidar com as emoções, ter uma perspectiva positiva, interagir e se vincular corretamente, tornando-se um membro produtivo da sociedade.





Vários suicídios ocorrem de forma impulsiva no momento de crise, como um colapso da capacidade de lidar com os estresses da vida – términos de relacionamento, doenças, dores crônicas, problemas financeiros e lutos. Além disso, o enfrentamento de conflitos, desastres, violência física ou emocional, abusos e o senso de isolamento estão fortemente associados ao comportamento suicida. As taxas de suicídio também são elevadas em grupos vulneráveis que sofrem discriminação e pessoas privadas de liberdade.

A resiliência emocional, ou capacidade de lidar com eventos e situações adversas, é decorrente dos recursos internos que o indivíduo possui. Esses recursos são construídos por experiências positivas, relacionamentos, respaldo e apoio emocional. A segurança interna e a autoestima nascem desse processo. A ansiedade demasiada, o descontrole emocional, o entendimento de que não há mais saída surgem quando a pessoa se sente ameaçada, sem conseguir vislumbrar resolução possível para a dificuldade que está enfrentando.

"Somos o resultado de nossa história e da nossa capacidade de lidar com ela. Entendemos o suicídio como sinal de um sofrimento interno insuportável que leva o indivíduo a tentar diminuir a própria dor, paradoxalmente acabando com a própria vida", explica Sirley.





O tratamento com EMDR – que só pode ser aplicado por psicólogos e médicos com formação específica nessa modalidade de psicoterapia – age rapidamente, em apenas algumas sessões. Utiliza-se um protocolo de oito fases, que deve ser seguido à risca para que o paciente tenha acesso a todos os pilares da memória necessários para reprocessar os traumas (imagens, crenças negativas, emoções e sensações corporais). Ao se aplicar o estímulo visual, auditivo e/ou tátil no tratamento de EMDR, que promove a dessensibilização e reprocessamento das experiências negativas, instiga-se a rede onde ficou presa a lembrança, permitindo a busca de informações em outras redes neurológicas, onde a vítima pode encontrar o que precisa para compreender o que ocorreu naquele momento traumático.

"Cada série de movimentos continua soltando a informação perturbadora e acelera essa informação através de um caminho adaptativo até que pensamentos, sentimentos, imagens e emoções tenham se dissipado e sejam espontaneamente substituídos por uma atitude positiva", explica Sirley. "Quando a pessoa passa pelo processo terapêutico, adquire consciência emocional e consegue direcionar sua vida para resgates significativos da vida”, conclui a especialista. Mais informações sobre o método podem ser obtidas em www.emdr.org.br.

audima