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Vasectomia é opção para o planejamento familiar

O especialista Marco Lipay diz que o método 'é procedimento bastante seguro, com alto índice de satisfação e baixa taxa de complicação'


postado em 29/10/2019 04:00 / atualizado em 29/10/2019 12:20

Não faz muito tempo, a programação da família dependia muito da esterilização masculina. A ciência criou outros métodos com a participação da mulher (DIU e pílulas anticoncepcionais, por exemplo), mas a vasectomia continua sendo um procedimento cirúrgico simples que promove a esterilidade masculina visando ao planejamento familiar definitivo. Quem fala sobre o assunto é o especialista Marco Lipay, doutor em urologia pela Universidade Federal de São Paulo e membro correspondente da Associação Americana e Latino-americana de Urologia.

“A indicação da vasectomia ocorre de acordo com a Lei Brasileira do Planejamento Familiar (Lei 9.263/96), que determina a realização da cirurgia em homens maiores de 25 anos e com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias após a manifestação expressa do desejo e aconselhamento por equipe multidisciplinar, a fim de desencorajar a esterilização precoce. Durante a consulta, o urologista deve lembrar a existência de outros métodos anticoncepcionais, como DIU (dispositivos intrauterinos), pílulas anticoncepcionais, implantes e preservativos, entre outros. A cirurgia só deve ser realizada com a certeza absoluta de que a família está completa. Caso o homem tenha alguma dúvida ou incerteza, ele deve ser desencorajado ou proceder a um maior tempo de reflexão.

Sabe-se que não há método anticoncepcional 100% seguro, mas a vasectomia encontra-se entre os mais seguros. A esterilização não traz riscos de câncer de próstata e testículos nem aumenta a chance de desenvolver hipertensão arterial, doenças cardíacas ou demências. A vasectomia não altera a produção dos níveis hormonais (testosterona), do prazer sexual (orgasmo) ou da libido. O ejaculado estará presente na mesma forma e volume, só não conterá mais os espermatozoides. O procedimento pode ser realizado sob anestesia local e a avaliação pré-operatória nem sempre se faz necessária, sendo decidida pelo urologista após examinar o paciente.

A cirurgia leva aproximadamente 40 minutos e consiste em abordar os deferentes, interrompendo a passagem dos espermatozoides dos epidídimos para as vesículas seminais. Os espermatozoides formados serão reabsorvidos e as células germinativas (produtoras de espermatozoides) vão diminuindo a sua produção por aumento de pressão dentro dos deferentes após o procedimento.

A vasectomia é uma cirurgia como outra qualquer e requer cuidados pós-operatórios, como limitar o esforço físico, não praticar esporte ou atividades sexuais nos primeiros dias e cuidados com a incisão cirúrgica.

A liberação para atividade sexual segura será feita após a realização do espermograma, que deve mostrar ausência de espermatozoides. Normalmente, essa amostra de sêmen será coletada após 20/30 ejaculações, que ocorrem num período previsto de oito a 16 semanas. Antes disso, os métodos anticoncepcionais devem ser mantidos. Pode ser necessário colher mais de uma amostra para a confirmação da esterilização. Em raríssimas situações, faz-se necessária uma reabordagem cirúrgica diante da presença de um ducto deferente acessório, duplicidade de deferente não identificado no ato cirúrgico ou até mesmo o realinhamento espontâneo do deferente.

Vale lembrar que a vasectomia é uma forma eficaz de controle da natalidade, mas não protege o homem de doenças sexualmente transmissíveis (DST), como uretrites, síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids), hepatites, sífilis e herpes. Deve-se usar preservativo, como forma de prevenir as DST.

A reversão da vasectomia é possível. Trata-se de um procedimento mais complexo e elaborado (será necessária anestesia mais ampla, além do uso de microscópio e instrumental de microcirurgia). O tempo cirúrgico é maior, além de os custos serem muito mais elevados. Vale lembrar: quanto maior o tempo entre a vasectomia e a reversão, menor será a probabilidade de sucesso. Homens que realizaram a vasectomia em até cinco anos têm a probabilidade de cerca de 80% de engravidar a parceira. Já para o período entre cinco e 10 anos, as chances serão de 50%; e de 20%, 30% quando esse período for maior que 10 anos.

De modo geral, a vasectomia é um procedimento bastante seguro, com alto índice de satisfação e baixa taxa de complicação ou arrependimento, quando realizada de forma consciente e planejada.”

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