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SAÚDE

Nozes podem ajudar a prevenir a demência

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Graças aos avanços da tecnologia e da medicina, a expectativa de vida da população mundial aumentou significativamente. O problema é que junto a essa extensão da expectativa de vida ocorreu o aumento da incidência de demência, quadro piorado pelo fato de não existirem agentes farmacológicos disponíveis para tratar, prevenir ou retardar a doença.



“O estresse oxidativo e a inflamação são fatores importantes para o declínio cognitivo, levando à demência. Uma dieta rica em antioxidantes é capaz de combater esses fatores. Porém, não se sabe de que forma a adoção desse tipo de dieta gera efeitos diretos no desempenho cognitivo”, explica a médica Marcella Garcez, professora da Associação Brasileira de Nutrologia.

Para checar se o consumo de antioxidantes pode realmente retardar o declínio cognitivo, um grupo de pesquisadores da Califórrnia e de Barcelona, em estudo publicado em janeiro deste ano na revista médica The American Journal of Clinical Nutrition, analisou os efeitos do consumo de nozes, ricas em antioxidantes como ômega-3 e polifenóis, na saúde cognitiva de idosos.

Os pesquisadores reuniram 708 indivíduos com idade de 63 a 79 anos que viviam em Barcelona e na Califórnia. Eles foram submetidos a testes neurocognitivos e de saúde. Os moradores de Barcelona mostraram fumar com mais frequência e ter capacidade cognitiva menor. Em seguida, os indivíduos foram divididos em dois grupos: o primeiro passou a adotar uma dieta que consistia no consumo diário de 30g a 60g de nozes, enquanto o segundo, chamado de grupo de controle, absteve-se de consumir o alimento. Tal dieta foi seguida durante dois anos e, depois desse período, nova bateria de testes foi realizada, com apenas 636 indivíduos participando do estudo.



Ao analisar os dados, os pesquisadores não observaram efeitos do consumo de nozes na saúde cognitiva dos participantes. Entretanto, análises posteriores mostraram que os participantes que viviam em Barcelona – que possuíam menor capacidade cognitiva e maiores riscos de declínio cognitivo devido ao tabagismo e fizeram parte do grupo que consumia nozes – apresentaram melhor capacidade de cognição do que aqueles que se abstiveram do alimento.

“Esse resultado sugere que o consumo de nozes, apesar de não prevenir de forma definitiva, pode atrasar o declínio cognitivo em grupos com maiores chances de desenvolver demência devido a fatores internos e externos”, destaca Marcella Garcez.

De acordo com a médica, os resultados do estudo são ainda mais promissores, visto que os pesquisadores são os mesmos que descobriram que as nozes são capazes de reduzir os níveis de colesterol no sangue. “Elas são ricas em gorduras não saturadas, fundamentais para a diminuição do colesterol, além de conter fibras e fitoesteroides, que ajudam na absorção da substância”, explica.

Apesar disso, as conclusões do estudo ainda são limitadas. Há necessidade de mais pesquisas para confirmar o benefício das nozes para a saúde cognitiva.