Nos últimos dias, estou fazendo o que não faço quase nunca, que é assistir aos programas jornalísticos da TV. Do jeito que as coisas andam, é preciso ter muita paciência e saco para acompanhar o repetido falatório de uns e outros sobre uma realidade que todos sabem qual é: as cabeças de Brasília estão mais do que fundidas. No meio disso tudo, duas coisas me chamam especialmente a atenção, por causa da minha confessada admiração pelos judeus: a bandeira de Israel estar sempre presente nas manifestações positivas que são prestadas ao presidente Bolsonaro, na porta do Alvorada, e a citação de fatos que ligam judeus e a perseguição judaica aos acontecimentos políticos nacionais. A última referência que ouvi, no fim da semana passada, foi sobre a trágica Noite dos Cristais, quando os nazistas destruíram sinagogas, lojas, mataram milhares e mandaram outros tantos para campos de concentração. Citações que, desculpem, me parecem sempre por falta de conhecimento dos fatos de quem as faz.
Toda essa presença judaica na atualidade política do país me lembrou um fato histórico de Israel, que é a história de Massada, local que conheço pessoalmente e que fiz questão de percorrer passo a passo, apesar da canseira, depois de ter subido os 400 metros de uma estradinha para uma só pessoa, até chegar ao topo do alto platô – quando lá fui, o teleférico ainda não existia. Então, vale falar um pouco sobre essa triste história, que aconteceu entre 73 e 74 e que foi gravada como a primeira guerra romano-judaica. No local, quando lá estive, além do descampado, ainda se viam alguns restos das construções feitas pelos judeus, e destruídas pelos romanos. Inclusive, a primeira sinagoga construída em Israel, que era virada para Jerusalém. Fiz questão de conhecer o ponto mais extremo do local, de onde o último judeu se lançou para se suicidar.
A tradição do local relata que o cerco dos romanos e suas tropas auxiliares levaram a um suicídio em massa dos membros das famílias judaicas que viviam na fortaleza, curiosamente fugindo da população judaica tradicional de Jerusalém. A história marca que o local é merecedor de toda reverência para honrar os ancestrais que deram a vida em uma luta heroica contra a opressão. Como o judaísmo proíbe o suicídio, a saída encontrada foi tirar a sorte de um a um e as pessoas foram se matando umas às outras, até o último, que seria o único a, de fato, tirar sua própria vida. E que se lançou do ponto mais extremo do platô, rolando a uma altura de mais de 400 metros. A tradição conta também que foi ordenado que os homens destruíssem tudo, menos as reservas de comida, uma forma de provar que os defensores ainda tinham condições de viver e que haviam escolhido a morte no lugar da escravidão.
Só o interesse histórico me deu forçar para subir aquela estradinha, sem o menor apoio, o Mar Morto visto lá do alto. O calor era tanto que de pontos em pontos havia uma torneira milagrosamente com água para que a gente pudesse se ensopar para aguentar. E para completar o dia de turismo histórico, fomos parar num quiosque, à beira do Mar Morto, para ver a água repleta de mulheres árabes boiando totalmente vestidas. Cada saia era uma flor que brotava na água.