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Rabo de cavalo pode ajudar na quarentena, mas exige cuidado

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Durante o período atual de maior isolamento, o cabelo preso virou uma solução mais prática e rápida para evitar incômodos ao longo do dia. Ao deixá-lo preso, há uma tendência de que se passe menos a mão nos fios, evitando, assim, as contaminações cruzadas com a COVID-19. Mas para manter o cabelo preso no estilo rabo de cavalo, é necessário ter cautela: “Muitas pessoas não sabem, mas penteados com muita tração (um rabo de cavalo muito apertado ou um coque por exemplo) em excesso podem comprometer a saúde do couro cabeludo e afetar o crescimento dos fios. A tração se for feita constantemente pode desencadear um quadro conhecido como alopecia cicatricial”, afirma a dermatologista e tricologista Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Associação Brasileira de Restauração Capilar.



Esse é um penteado que tem muita história. Acredita-se que a origem do rabo de cavalo venha do Nordeste da China, criado antes do século 17 pelo povo Manchu, que deixava crescer o cabelo no topo da cabeça (e geralmente o entrançava também), enquanto a parte da frente era raspada. Há ainda quem remeta este penteado à Grécia antiga, em que algumas artes retratam mulheres com rabos de cavalo altos e cheio de adornos. Mais tarde, já no século 20, o penteado voltou com força total na década de 1950, graças à primeira Barbie com rabo de cavalo. Na década de 1960, esse penteado estava bem alto na cabeça de Brigitte Bardot, que se tornou de símbolo feminino ligado à mulher trabalhadora que precisava afastar o cabelo da rosto.

Não há problemas no uso esporádico desse patrimônio mundial dos penteados. No entanto, o uso diário e com muita tensão nos fios pode enfraquecer o cabelo. “Embora não seja um efeito imediato, é provável que tenha sérias consequências para o crescimento capilar, especialmente nas áreas em que o cabelo está mais esticado, como é o caso da zona da testa ou das têmporas. Qualquer penteado demasiado apertado, especialmente se mantido ou repetido com frequência, pode predispor o cabelo à alopecia por tração, um tipo de alopecia cicatricial”, diz a médica.

Segundo a dermatologista, este tipo de alopecia danifica o folículo piloso, onde o cabelo nasce e se instala. “Como consequência desse ângulo não natural, os cabelos tendem a enfraquecer e quebrar, causando a sua queda. À primeira vista, é fácil perceber a área onde o cabelo está em falta. Isto acontece não só devido ao rabo de cavalo, mas também a penteados que puxem demasiadamente os fios, como pode ser o caso de tranças boxer, coques de bailarina, tranças afro ou até extensões. Ninguém está livre deste tipo de alopecia parcial: a predisposição genética ou o estado de saúde não influenciam. É suficiente que estas condições de extrema tensão causem o problema", diz Kédima.



O primeiro sinal de alerta está na escassez de fios em áreas onde anteriormente eles existiam, formando as chamadas "entradas". O seu médico tricologista ou dermatologista de confiança poderá aconselhá-la nesta situação e receitar o tratamento mais indicado. “Este tipo de calvície é reversível, desde que se evite o agente causador, no caso dos penteados com grande tração. Na maioria das vezes, basta recorrer a tônicos ou soros nutritivos para revitalizar o cabelo e conferir mais força ao fio. Se as causas não forem evitadas, é possível que o problema fique muito maior e irreversível, quando evoluir para uma alopecia cicatricial (em casos de lesão maior pode deixar uma cicatriz irreversível no couro cabeludo, impedindo o crescimento de quaisquer cabelos)”, diz a tricologista.

Uma maneira fácil de perceber se o seu cabelo está sob este tipo de estresse é olhando para o espelho. Se ele está mais achatado do que o normal nas raízes sem a ajuda de qualquer produto ou escova, mesmo que pareça ideal, pode ser um sinal de que o seu cabelo está sob muito estresse. “Assim sendo, tente alternar entre tranças um rabo de cavalo mais solto, opte por molas ou elásticos de tecido e em alguns dias tente resistir à tentação de prender o cabelo para conseguir relaxar o couro cabeludo. Se usa perucas ou extensões, considere também fazer pausas, massageando regularmente o couro cabeludo com a ponta dos dedos para ajudar a reativar o fluxo sanguíneo e apaziguar ambos: cabelo e pele. Lembre-se: consulte um médico sempre que perceber qualquer tipo de alteração. Há diversas tecnologias que recuperam o crescimento dos fios. Então, procure um especialista e evite chegar ao estágio de alopecia cicatricial”, finaliza a médica.