Jornal Estado de Minas

Ronaldo Silvestre resgata identidade artesanal brasileira

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Itabira, que nos deu o imortal poeta Carlos Drummond de Andrade, cidade do interior do estado que tem um jornal local mais do que agressivo e atuante, tem também um olho para a moda nacional. Trata-se de Ronaldo Silvestre, que acaba de lançar uma coleção muito diferenciada. “Fatores humanos fizeram com que eu me apaixonasse pela moda desde criança e escolhesse uma profissão em que eu pudesse transformar os caminhos e a vida de muitas mulheres em vulnerabilidade socioeconômica em nosso país. Sou filho de uma costureira, e durante toda a minha infância via a minha mãe desmanchar calças de uniformes usados e costurar a mão para que eu e meus irmãos pudéssemos ter o que vestir”, conta ele.





Ronaldo tem um trabalho de moda autoral que resgata a identidade artesanal brasileira, celebra o feminismo e a igualdade de gênero, a geração de renda e a preservação ambiental, se fortalecendo da moda aliada ao terceiro setor como um grande agente de transformação e desenvolvimento social e sustentável. “Em todas as coleções, trabalho as metáforas da minha vida e as minhas percepções sobre o mundo, as pessoas e o futuro. Minhas roupas misturam estilos ora funcionais, ora delicados, ora de exuberância pontual – todas as peças são produzidas com resíduos têxteis doados por algumas tecelagens, criando roupas únicas e atemporais, fortalecendo o artwear feito no Brasil, em uma ideia de design circular”, explica.

Depois de 20 anos longe de Itabira, ele retornou à terra natal para criar o Instituto ITI – Igualdade, Transformação & Inovação Social, uma ONG sem fins lucrativos que promove gratuitamente o resgate socioassistencial e socioeconômico para mulheres e meninas em vulnerabilidade social, com cursos de qualificação profissional e geração de renda nas áreas de costura, bordado, artesanato sustentável, gastronomia e artes criativas. Os resultados comprovam o sucesso do projeto que, desde sua criação, já beneficiou 350 famílias das comunidades atendidas.

“A proposta para esta coleção atemporal 2021 é continuar abrindo algumas gavetas da minha vida, mesmo em tempos difíceis, incertos e dias tristes. Estou recriando o que um dia eu mesmo criei: uma saia se transforma em um vestido com nuances de cores e lavagens. Um novo desafio que no final sempre revela pouco de mim, dos meus valores e dos meus processos criativos no redesign sustentável de tecidos e formas. A manipulação têxtil realizada no Instituto ITI continua como grande destaque em nosso trabalho, em que eu procuro descobrir a essência e a alma dos tecidos. Afinal, eles são a nossa segunda pele. Sarjas da Santanense Têxtil, denim da Capricórnio Têxtil, resíduos têxteis da G. Vallone fortalecendo o Movimento Sou de Algodão unem-se ao tule e aos resíduos da indústria de confecção”, explicou o estilista.

A apresentação da coleção Ressignificar (v.) para o DFB Festival 2020 foi realizada na sede do instituto. “A plateia do desfile foi composta por aquelas que comigo deram à luz a coleção: as costureiras, bordadeiras e ex-alunas do ITI” completou Ronaldo Silvestre.