A coluna cede seu espaço nesta sexta-feira (21) para Rafael Moura, CEO do I wanna sleep, empresa focada em sono e relaxamento:
“A vida nas cidades passou por inúmeras transformações ao longo da história. Nos últimos anos, passamos a assistir às construtoras investindo em apartamentos cada vez menores, com até 60 metros quadrados (m²) e batendo recordes em locais compactos. O menor apartamento do país mede 9,8m² e está localizado em Curitiba. Esse movimento ocorreu devido à diminuição de membros da família média e também por conta da correria do dia a dia, que transformou os lares em dormitórios para um descanso rápido, após um dia corrido dentro de qualquer metrópole.
E isso estamos falando apenas nas mudanças das cidades. Além das mudanças de infraestrutura, com os dias cada vez mais apertados, problemas relacionados à saúde mental e ao sono também se tornaram mais comuns. A insônia, por exemplo, já é um dos principais problemas da sociedade e, segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS), afeta mais de 73 milhões pessoas no país.
Uma noite maldormida pode acarretar outros tipos de sintomas, como ansiedade, estresse, indisposição e dificuldades em focar nas atividades do dia ou, ainda, de relacionar-se com outras pessoas. Porém, por mais comum que esses problemas pareçam, a relação deles com o sono passou a ser mais discutida durante o período que atravessamos no Brasil.
A pandemia do novo coronavírus traz novamente a importância dos nossos lares à tona. Notamos como a nossa rotina afeta diretamente o sono e aprendemos que dormir bem traz benefícios para a saúde e para o bem-estar. Será que agora entenderemos a importância do sono? O levantamento "Será que os brasileiros estão mais sonolentos na quarentena?" mostra que 50% dos brasileiros afirmaram estar mais preguiçosos durante a pandemia e, ainda, 46% avaliaram que a qualidade de vida deles piorou ness período.
Uma hipótese é que um dado esteja relacionado ao outro. Embora a população do mundo todo esteja atravessando uma crise que trouxe adversidades para o mercado, economia, ciência e saúde pública, faço um convite para que cada leitor busque mais cuidados com a saúde mental e a do sono, procurar rotinas que ofereçam momentos de relaxamento e de descontração.
Pensando em um momento pós-pandêmico, acredito que a indústria do sono deverá alavancar. Segundo alguns analistas, esse mercado deve atingir mais de US$ 100 bilhões até 2023, mas a crise deve fazer subir ainda mais esse valor, devido à mudança do consumidor e o interesse da população por artigos e produtos voltados ao sono e ao relaxamento.
Nos Estados Unidos, a indústria já movimenta cerca de US$ 40 bilhões. Entre as principais frentes de negócio no que diz respeito a produtos estão melhorias para o quarto, mudança na rotina, novos medicamentos e produtos alternativos, como, por exemplo, os florais. Alguns exemplos são os umidificadores, controladores de som, iluminação e temperatura, produtos para o banho, travesseiros, colchões especiais e tecnologias em produtos e aplicativos que monitoram o sono.
Saber que a má qualidade do sono afeta aspectos cognitivos, emocionais e psicológicos traz ainda mais responsabilidade para toda essa indústria, que tem como propósito melhorar a vida dos brasileiros. Aprendemos que permanecer no mercado é nosso principal desafio durante uma crise, mas também temos a certeza de que elas não são capazes de atrapalhar nossos melhores sonhos. É preciso também repensar nossas ações e anseios e traçar novos desafios, para que nossa saúde e bem-estar não entrem em colapso.”