Falar sobre a saúde íntima feminina ainda é um tabu para muitos. Como resultado, grande parte das mulheres não sabe como cuidar corretamente da região e acaba praticando maus hábitos, que podem colocar sua saúde em risco. Então, pensando em uma forma de quebrar esse tabu e auxiliar na manutenção da boa saúde da genitália feminina, Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista, membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), listou hábitos que são realizados pelas mulheres, mas que podem trazer sérias consequências para a saúde íntima. Confira:
1. Lavar e secar as roupas íntimas no banheiro: grande parte das mulheres tem o hábito de lavar as calcinhas ao tomar banho e deixá-las para secar no banheiro. Porém, esse hábito não é indicado, pois o banheiro é um local úmido e abafado, o que favorece a proliferação de micro-organismos nocivos para a saúde da região íntima. “O ideal é lavar as calcinhas e colocá-las para secar em ambiente arejado. Vale a pena também passar a roupa íntima antes do uso, já que o calor do ferro ajuda na eliminação das bactérias e fungos”, recomenda a ginecologista.
2. Utilizar o absorvente diariamente: os absorventes devem ser usados para conter secreções e corrimentos abundantes, como a menstruação e a perda urinária, evitando assim a sensação de umidade ao longo do dia. Porém, o uso do produto deve ficar restrito a esses casos, pois os absorventes podem abafar a região, favorecendo a proliferação de fungos e bactérias e, consequentemente, o surgimento de infecções. “No caso de mulheres com incontinência urinária, o ideal é optar por absorventes respiráveis, que não têm película plástica, e trocá-los a cada quatro horas”, afirma a médica.
3. Usar calcinhas sintéticas: pode não parecer, mas a escolha da calcinha é fundamental para garantir uma região íntima saudável. “Esse tipo de tecido pode ser prejudicial para a genitália feminina, pois abafa a região, aumentando a transpiração e a umidade do local, o que, além de causar desconforto, favorece a proliferação de micro-organismos responsáveis pelas infecções vaginais”, explica a especialista. Dê preferência às calcinhas de algodão.
4. Higienizar a região íntima incorretamente: é importante lembrar que higiene íntima não é higiene interna, e a limpeza deve ser restrita à parte externa do órgão, evitando a vagina (canal interno). “A vagina possui pH menos ácido. Logo, qualquer desequilíbrio em seu nível de acidez pode facilitar a proliferação de vírus, bactérias e fungos”, alerta a especialista. Na hora da limpeza, evite também o uso de buchas ou outros materiais que podem provocar ferimentos na pele dessa região.
5. Lavar a região íntima com muita frequência: o ideal é lavar a vulva diariamente, mas evitando realizar o hábito com muita frequência ao longo do dia, para evitar o ressecamento da região. “Em alguns casos, a higiene da região íntima pode ser mais frequente, como após relações sexuais e durante o período menstrual, pois o sangue é um meio de cultura de bactérias, além de alterar o pH da região, facilitando a instalação de infecções”, completa.
6. Usar duchas, lenços umedecidos e sabonetes inadequados: o uso de duchas e de sabonetes bactericidas não é recomendado, pois altera a barreira de proteção da região. “Esses produtos podem eliminar micro-organismos presentes na região que são responsáveis pela manutenção da acidez do pH local, que é a forma de proteção da região contra bactérias e outros agentes patogênicos causadores de doenças”, diz a médica. Lenços umedecidos também não devem ser utilizados. “O ideal então é optar por sabonetes neutros, sem cor, sem perfume e ginecologicamente testados, que vão manter o pH da região equilibrado. Dê preferência aos sabonetes líquidos, que não ficam expostos a bactérias que possam estar presentes no ar”, recomenda.
7. Beber pouca água: “A água é fundamental para o bom funcionamento do organismo e ajuda a prevenir a infecção urinária. Procure ingerir, no mínimo, dois litros de água por dia para permanecer hidratada e saudável.”
8. Usar roupas muito apertadas: essas peças de roupas são inimigas da boa saúde íntima. “Elas abafam a região íntima e favorecem a proliferação de fungos e bactérias que podem causar infecções, como a candidíase”, explica a especialista. É bom também usar peças mais leves na hora de dormir.