Chegamos ao fim do ano com todas as dificuldades que essa pandemia desesperada nos reserva, e mais uma: como será a comemoração natalina? Difícil fugir da data mais agradável para reunir a família. Que, para seguir o que anda acontecendo por todos os lados, está cheia de dificuldades. De uma maneira geral, até hoje sumiram os pontos de venda os produtos mais comuns à época, como as castanhas portuguesas e as nozes.
Nos supermercados, as nozes só são encontradas naquelas caixinhas de plástico, descascadas e a um custo desanimador. Sumiram por dificuldade de importação ou pela alta de preço? Não consigo entender e estou custando a montar meu cardápio de fim de ano. Outro lance difícil é conseguir esquematizar o número de presenças. Quem pode e quem não pode aparecer? O bom senso recomenda poucas pessoas, locais abertos, muita ventilação e até uso de ventiladores para reforçar a mudança do ar dos ambientes.
Pelo meu parco entendimento das coisas, a tendência é que as comemorações sejam realizadas com mais comedimento e menor complicação. Mas o que se viu na última black friday vai valer para qualquer situação. As ruas estavam lotadas, parece que todas as pessoas resolveram sair de casa para fazer compras, mesmo levando em consideração aquela cautela recomendada pelo bom senso: os preços serão realmente menores? No geral, funciona a esperteza brasileira: vale subir os preços antes para baixar depois. Algumas consumidoras com mais tempo costumam correr vitrines de lojas, fotografando os preços de antes para comparar com os de depois dos descontos. Não é raro não haver diferença, os preços costumam ser os mesmos ou não tão legais.
Tenho mania verdadeira de Natal e adorava quando Eduardo Noronha promovia aquele concurso de vitrines e prédios decorados para a data. De certa forma, foi aquela ideia que acabou indo pro brejo, depois que ele se foi, que trouxe a alguns donos de lojas a necessidade de enfeitar seus negócios para reforçar a gentileza da época. Que é reforçada em todas as cidades pelo mundo afora.
Custou a chegar por aqui, mas essa campanha de vender mais barato na última sexta-feira do mês de novembro chegou rapidamente. Só que nos Estados Unidos a campanha é mais do que verdadeira. Já passei uma época assim em Nova York e o que consegui comprar por pouco mais de nada valeu a pena. Desde jogos americanos italianos de linho estampado até roupas íntimas na Victoria's Secret, aquela loja que ficou famosa por causa dos seus desfiles de camisolas, com as modelos peladinhas dentro. E que por causa não se sabe bem de quê, porque vendia bem, acabou falindo.
Tenho no meu DNA essa fixação pelo Natal. Afinal de contas, sou de Santa Luzia, onde os presépios eram a atração máxima da época, muito antes de se tornarem uma atração turística da cidade, como é hoje. Na casa da minha avó materna, eles não eram montados, mas, em compensação, chegavam as caixas de maçãs, aquelas importadas, enroladas em papel de seda azul, que guardava o perfume das frutas, que sinto até hoje quando penso nelas.
E se não existiam os presépios, existia a fartura de guloseimas da época. Desde leitões assados – que de peru ninguém gostava – até as tortas, os doces de frutas, as latas imensas de biscoitos variados. Comilança que sumiu de vez das casas...