Passei uma temporada na França com meus saudosos amigos Rachel e Roberto Cohen. Obsessivo, ele queria abrir aqui em Minas uma fábrica de queijos de cabra e aproveitou a viagem para visitar mil e um produtores franceses desse tipo de queijo. Corremos as regiões da França que produzem queijo de cabra de cabo a rabo – nunca provei tanto queijo na vida. Chegando aqui, ele colocou sua ideia para funcionar, mas sua fábrica não foi longe. Na época, mineiro pouco sabia ou pouco gostava de queijo de cabra, principalmente porque os queijos importados não chegavam por aqui.
Fora da mania de Roberto, havia a minha. Fui à Serra da Estrela duas vezes para ver como é que o queijo que adoro era feito, e não foram poucas as vezes que trouxe algumas peças ilegalmente misturadas com as minhas roupas. Não era permitido trazer o produto para cá. E o queijo da Serra da Estrela não era vendido aqui – e tampouco conhecido. Dá para ver, por aqui, que gosto muito de queijo, que sempre foi um dos produtos mais apreciados por meu marido. Quanto estava vivo, e viajávamos sempre para a Europa, os queijos faziam parte de nosso roteiro turístico.
Nos últimos tempos, tenho apreciado pouco os queijos vendidos por aqui, a não ser um que me é presenteado por um amigo. E estou perdendo uma boa temporada, porque nos últimos anos os queijos brasileiros até que têm feito sucesso em concursos internacionais, o que é muito bom. Por causa disso, é bom destacar o sucesso do queijo do Marajó – que nunca vi vendendo por aqui –, que acaba de vencer o projeto de indicação geográfica na categoria Articulação de Cadeias de Valor, concorrendo com projetos de toda a América Latina.
O concurso faz parte de histórias de sucesso Transformando Vidas. A iniciativa pertence ao Programa AL-Invest 5.0, um dos programas de cooperação econômica mais bem-sucedidos da União Europeia na América Latina, cujo objetivo é apoiar o desenvolvimento empresarial na região, reduzindo a pobreza por meio do aprimoramento da produtividade das micro, pequenas e médias empresas (MPEs), promovendo o seu desenvolvimento sustentável.
Como exemplo de destaques no projeto apresentado no concurso está o Queijo do Marajó Fazenda São Victor, devido às expressivas premiações em níveis nacional e internacional. A iguaria bubalina conquistou premiações, como o primeiro lugar no 12º Encontro Nacional de Criadores de Búfalos e 2º Marajó Búfalos, tendo o reconhecimento na maior premiação de queijos artesanais; o Prêmio Queijo do Brasil, como o Bronze na 3ª edição; o Super Ouro na 4ª edição, e Ouro na 5ª edição. Emplacou também, com a categoria Prata, na maior competição mundial de produtos lácteos, na França – 4ª Edição do Mondial du Fromage et des Produits Laitiers.
“É gratificante ver a representatividade dos produtores queijeiros da Ilha do Marajó. Um produto tão genuíno e que hoje é conhecido e reconhecido em nível internacional, sendo um dos destaques no projeto “Queijo do Marajó – o processo de indicação geográfica”, e que foi o grande vencedor do concurso”, frisa Cecília Pinheiro, proprietária da Queijaria Fazenda São Victor.