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Estado de Minas ANNA MARINA

Trombose pode surgir meses após infecção pela COVID-19

Aumento da predisposição à doença pode ser mais uma das sequelas causadas pela contaminação do coronavírus. Prevenção, como exercício físicos, ajuda


08/12/2020 04:00 - atualizado 08/12/2020 07:25

É importante manter hábitos saudáveis, como a pática regular de exercícios físicos, para evitar casos de trombose(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
É importante manter hábitos saudáveis, como a pática regular de exercícios físicos, para evitar casos de trombose (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Uma das graves complicações relacionadas aos casos de COVID-19 é o surgimento de trombose, que ocorre quando um coágulo sanguíneo se desenvolve no interior das veias das pernas devido à circulação inadequada, impedindo assim a passagem do sangue. “Isso acontece porque o agente patógeno causador da COVID-19 desencadeia um processo incomum de coagulação, favorecendo a formação de coágulos nas veias e, consequentemente, aumentando a incidência de quadros de trombose. Além disso, o coronavírus também favorece o surgimento de trombose nos pequenos vasos, causando uma inflamação na parede das artérias e dos vasos”, explica a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

E agora, passado algum tempo de disseminação da doença, percebeu-se que essa ligação não se restringe apenas ao período de atividade da COVID-19, pois cirurgiões vasculares e angiologistas têm observado um aumento na incidência de casos de trombose até mesmo após o fim da infecção pelo coronavírus.

Segundo a especialista, o aumento da predisposição de trombose parece ser mais uma das sequelas causadas pela COVID-19, que também incluem perda e diminuição do paladar e do olfato e cansaço. “E esse efeito a longo prazo da COVID-19 independe da gravidade da doença, pois, em consultório, observamos a incidência de trombose tanto em pacientes que apresentaram graves sintomas quanto naqueles que foram assintomáticos”, alerta a médica. “A predisposição à trombose é ainda maior em pacientes que, além de ter sido infectados pelo coronavírus, apresentam outros fatores de risco envolvidos no aparecimento da condição, como obesidade, tabagismo, uso de hormônios e pílulas anticoncepcionais, portadores de câncer, gestantes, idosos, deficientes físicos e portadores de varizes”, acrescenta.

Por isso, mesmo após o tratamento e cura da COVID-19, é importante não descuidar da saúde e continuar atento aos sinais dados pelo organismo, consultando o médico imediatamente caso note os sintomas de trombose. “Isso porque, se não tratado, o coágulo causador da trombose pode se desprender da parede da veia e correr pela circulação até chegar ao pulmão, causando uma embolia pulmonar que pode resultar até mesmo em morte súbita”, destaca a cirurgiã vascular. De acordo com a especialista, os sinais da trombose incluem dor na perna, principalmente na panturrilha, associada a inchaço persistente, calor, sensibilidade e vermelhidão. “Mudança de cor na região e dificuldade de locomoção também podem indicar a presença de um coágulo sanguíneo nas pernas”, completa.

Além de prestar atenção aos sintomas da condição, é importante também investir em cuidados que auxiliam na prevenção da trombose. “Para evitar casos de trombose é recomendado parar de fumar, consumir bastante água, adotar alimentação balanceada, realizar exercícios físicos regularmente e evitar passar muito tempo na mesma posição, seja no horário de trabalho ou em longas viagens, levantando-se de hora em hora para se movimentar um pouco”, aconselha a médica. “Em alguns casos, o uso de meias elásticas também pode ser indicado, já que elas comprimem os vasos sanguíneos, melhorando o retorno venoso e, consequentemente, prevenindo problemas vasculares como varizes e trombose.”

Porém, o mais importante para evitar complicações após a infecção pela COVID-19 é continuar com consultas médicas regulares, já que o profissional especializado poderá realizar avaliações e, se for o caso, diagnosticar um quadro de trombose precocemente. “Geralmente, o tratamento da doença inclui o uso de medicamentos anticoagulantes, que vão ajudar na redução da viscosidade do sangue e na dissolução do coágulo, impedindo assim que ele cresça, avance para outras regiões e evitando a ocorrência de novos quadros de trombose”, finaliza Aline Lamaita. 

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