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Gestantes sofrem com abortos espontâneos, mas assunto ainda é tabu

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A imprensa semanal francesa tem uma dedicação especial à corte inglesa. Não há um só número da revista Figaro que não traga, em seu segmento dedicado ao público feminino, uma matéria sobre a corte inglesa. Nada fica de fora, da rainha às suas netas, e uma das mais focalizadas é a americana Meghan Markle, que, além de ser afrodescendente, era divorciada, e conseguiu fazer com que o marido deixasse os badalos da corte para morar nos Estados Unidos. Por isso mesmo, ela revelou, no final de novembro, ao jornal The New York Times, que sofreu um aborto espontâneo em julho deste ano.





"Eu sabia, enquanto agarrava meu primeiro filho, que estava perdendo meu segundo", disse a duquesa de Sussex ao jornal americano. E Meghan está longe de ser um caso isolado. “Cerca de 20% das gestantes sofrem com abortos espontâneos. Ainda assim, o assunto é tratado como um tabu e muitas mulheres não sabem os motivos que levam ao problema, muito menos a quais tratamentos podem recorrer para que a gestação ocorra de maneira saudável e sem complicações”, afirma o ginecologista e obstetra Rodrigo da Rosa Filho, especialista em reprodução humana e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).

Segundo o especialista, o aborto espontâneo é caracterizado pelo fim da gestação antes da 22ª semana devido à morte do feto. Geralmente, os sintomas mais comuns são dor abdominal forte, o que Meghan Markle descreveu como uma “cólica aguda”, e sangramento vaginal. Já as causas do problema são extremamente variadas. “A maior causa dos abortos espontâneos não tem relação com a saúde da gestante, ocorrendo devido a uma alteração cromossômica do embrião que faz com que esse não se desenvolva corretamente, sendo assim rejeitado pelo organismo, o que leva ao aborto”, explica.

Os outros casos de aborto, por sua vez, estão geralmente ligados à saúde da mulher, podendo incluir problemas no útero, alterações hormonais, doenças autoimunes e da tireoide e condições como síndrome dos ovários policísticos, clamídia, sífilis e toxoplasmose. “Alguns hábitos do dia a dia também são prejudiciais à saúde da gestante e do bebê, podendo levar ao aborto. Por exemplo, o consumo de bebidas alco- ólicas e ricas em cafeína, o uso de drogas e medicamentos sem prescrição e o tabagismo, assim como a simples exposição à fumaça do cigarro, estão relacionados ao aumento de casos de aborto espontâneo”, alerta o especialista. “Mulheres obesas ou extremamente magras também estão mais propensas a sofrer com  o aborto, visto que, nesses casos, o organismo não está em condições de garantir o bom desenvolvimento do feto.”





Mas a boa notícia é que é possível evitar que o aborto se repita, sendo que o primeiro passo para esse objetivo é adotar um estilo de vida saudável, mantendo uma alimentação balanceada, controlando o peso, dormindo bem, praticando exercícios físicos de acordo com a recomendação de seu médico e evitando o consumo de bebidas alco-   ólicas, o tabagismo e o uso de drogas. “Além disso, é fundamental visitar o médico, que poderá realizar uma avaliação de sua saúde e solicitar exames para verificar se não existe uma condição preexistente que pode levar ao aborto, indicando, a partir disso, o tratamento mais adequado para cada caso”, afirma Rodrigo Filho. “Por exemplo, quando o aborto é causado por alterações hormonais, o médico poderá recomendar suplementos que ajudem a equilibrar os níveis dos hormônios no organismo. Já em casos de síndrome do ovário policístico, o tratamento inclui o uso de anticoncepcionais para regular o ciclo menstrual, indutores de menstruação para ajudar no processo de ovulação, e hipoglicemiantes para controlar a resistência insulínica, além de medicamentos para reverter o quadro de infertilidade.”

No entanto, caso o motivo do aborto seja a genética, o que pode ser identificado por meio de testes de genotipagem, a melhor alternativa para garantir uma gestação saudável é apostar em uma fertilização in vitro. Mas vale ressaltar que, ao sofrer um aborto, o mais importante antes de tentar engravidar novamente é consultar um médico, que poderá realizar uma avaliação de seu estado de saúde e solicitar exames para identificar qual a real causa do problema, recomendando assim o tratamento mais adequado para garantir que a próxima gestação ocorra de forma segura e sem complicações.


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