
Sempre adorei comprar livros de receitas, tenho uma coleção infindável, que por aqui começa com o eterno e clássico Dona Benta e vai embora, chegando até aos livros publicados com duras penas em cidades e cozinhas do interior. Não há nenhum em que não se aprenda alguma coisa, sejam eles escritos em português ou outras línguas. Aliás, os comprados em Portugal são bem enganadores. Alguns nomes de produtos são absolutamente desconhecidos por nós, é preciso recorrer ao dicionário para ficar sabendo o que significam. Em alguns restaurantes que produzem pequenos encartes com as receitas dos pratos do cardápio, não tenho a menor vergonha de perguntar ao pessoal da casa um ou outro nome de ingrediente que não conheço.
Neste fim de ano, recebi de presente dois livros curiosos. Um deles, Farofa, uma alegria popular, foi escrito por uma mineira, Sabrina Sedlmayer, que é pesquisadora e professora da Faculdade de Letras da UFMG. Além disso, ela criou o grupo de pesquisa SAL, sobre alimentos e literatura. Já publicou outros livros, inclusive um que relaciona 100 receitas sobre leite e derivados. E, é claro, esse delicioso livro sobre farofa, que, para todos, é o alimento mais fácil de preparar. E não é não. Ela abre seu livro com duas pesquisas alentadas sobre a mandioca e o milho, divide suas receitas em dois capítulos – farofas para um dia qualquer e farofas para um dia de festa.

As que a autora recomenda para o dia a dia começam com a de ovos, que não há quem não goste. E para os dias de festa, uma é especial: de água, ninguém pode imaginar como é que se pode combinar água e farinha de mandioca. Mas a receita está lá, é fácil de fazer e ainda não precisa ir ao fogo.
Para quem quer experimentar, leva ½ xícara de água gelada, ½ xícara de azeite, tomates não muito maduros, cebola, coento, salsinha e cebolinha, pimenta dedo-de-moça sem sementes, tudo bem picadinho. Para completar, 1 colher de sopa de vinagre de maçã, 1 xícara de farinha de mandioca fina e pimenta-do-reino. Os legumes e as ervas são misturados, depois se junta o vinagre, a pimenta, azeite e sal. Completando, a água gelada e a farinha de mandioca. Não vai ao fogo, o resultado é empelotado e o gosto bem especial.
A mais fácil é a de queijo ralado, com qualquer queijo mineiro de boa qualidade, que é juntado à manteiga e arrematado com farinha de mandioca. A receita é do tipo que até aquelas mulheres bobocas, que adoram falar que não sabem fazer nem ovo frito, não conseguem fazer errado.
O outro livro que recebi foi mais do que inesperado, Guerreiras invisíveis. Acompanhava uma caixa com algumas latinhas de sardinhas e atum. Vi pela remessa que as latas de maior tamanho ainda são produzidas, mas não são encontradas em nenhum supermercado, já cansei de procurar. Gosto muito de sardinha, até como molho para macarrão, e as latas de antigamente eram perfeitas para uma boa mistura. Agora, como só encontro no tamanho menor, dão mais trabalho. Além dos produtos – e um vidro de azeite extravirgem –, o livreto focaliza as guerreiras invisíveis, com “histórias conhecidas de mulheres desconhecidas que fazem o simples virar incrível”. Não vou publicar as receitas aqui, apesar de serem muito boas e o livro representa, além de ótimas receitas, a doação de R$ 5 para o Instituto Rede Mulher Empreendedora. Que é quanto custa cada exemplar. O livro pode ser comprado na Banca do Bem (www.bancadobem.com.br).
Vale a pena correr atrás do livro porque, no preço que a carne está, um bom prato com sardinha completa uma bela refeição.
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