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Como os funcionários vão sobreviver com o comércio fechado?

É por isso que eu penso que a política atual, para manter a valentia de fechar tudo, doa e quem doer, é matar o povo de fome


12/01/2021 04:00


Sorte de Deus que não sou mais comerciante, como fui durante anos e anos com butique na Savassi. Quando a região era o sucesso da temporada, todas as boas lojas e marcas ali se instalaram, era o centro nervoso e social da cidade. As tardes pareciam uma festa, nomes conhecidos circulavam, notícias e fofocas corriam, era uma boa solução para uma cidade na qual a sociedade era bem fechada, as festas não eram raras, mas bem selecionadas.

Se eu ainda fosse negociante, estava soltando os capetas com essa mania de volta e meia fechar hermeticamente a cidade, comércio principalmente, onde não existe ajuntamento e onde as pessoas seguem religiosamente os preceitos de segurança. A ideia que tenho sempre é de que o que se busca não é matar o belo-horizontino de COVID-19, mas de fome. Quando o comércio vai engrenando, o prejuízo vai diminuindo, é preciso fechar tudo.

Frequento um salão de beleza há mais de 30 anos e sua dona é perfeita em sua manutenção. Mesmo antes dessa desgraceira geral, os cuidados de higiene sempre foram totais, mais completos às vezes do que os de nossas casas. Depois de fechado muito tempo, por causa da pandemia, o salão foi reaberto seguindo todos os preceitos de segurança. Só atende com hora marcada, tem lugares isolados por placas de vidro que dividem cada área em um lugar seguro, funcionárias que só atendem de máscaras que existem até para fornecer a clientes descuidadas.

Além disso, há uma profissional que higieniza cada cadeira de cliente tão logo é usada. Ela passa pano com desinfetante no chão tão logo alguém se movimenta. Lugar mais seguro não existe – para felicidade de suas funcionárias, que são muitas e mantêm as famílias com o salário e as gorjetas que recebem. A clientela tem voltado aos poucos, porque a informação desses cuidados corre de boca em boca e, para a maioria das mulheres, manter os cuidados de embelezamento em casa não é fácil.

Depois de todo o tempo parado, o salão voltou a funcionar e foi sobrevivendo, é claro que a duras penas, porque os encargos sociais não esperam a doençada passar. E, agora, está novamente fechado, não se sabe por quanto tempo. E como é que aqueles funcionários vão sobreviver? Ninguém sabe, ninguém diz. E é por isso que eu penso que a política atual, para manter a valentia de fechar tudo, doa a quem doer, é matar o povo de fome. Início de ano todos sabem a dureza que é, com vários impostos a pagar. Nem todos os funcionários podem assumir qualquer tipo de responsabilidade fiscal. Mas e os donos dos empreendimentos? Se o dinheiro não entra, como é que sai?

Se juntarmos a tudo isso outro problema, a situação na capital ainda fica pior. Aqui não pode funcionar nada, nem sequer uma lanchonete. Mas basta a quem quiser curtir o verão dar uma chegada até Nova Lima, onde tudo funciona numa boa. Como restaurantes, bares, lojas, butiques, comércio de todos os tipos. Não custa nada dar uma chegada até lá.

Não sei, e não posso passar para os leitores, se o BH Shopping, que fica em Nova Lima e não na capital, funcionará durante o novo fechamento decretado na capital. O anúncio de página dupla publicado na última sexta-feira aqui neste jornal dá a entender que sim. E a quem for lá para espairecer ou fazer compras não apresenta o menor risco. Tomara que seja assim. 

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