Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Canabidiol, derivado da maconha, é empregado na indústria da beleza

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Tempos atrás, conhecida minha comentou que estava tomando uma gota de Cannabis todo santo dia para ficar calma e dormir melhor. Na época, essa história não estava muito divulgada, e o que ela tomava, para mim, era o puro e simples extrato de maconha. Recebia de uma amiga que morava nos Estados Unidos e estava se dando muito bem com ele.





As notícias atuais levaram para longe o preconceito e, atualmente, o canabidiol, molécula natural derivada da Cannabis medicinal, é um componente muito comentado não só no mundo da cosmética, mas também na indústria farmacêutica e nutricional devido às suas propriedades antioxidantes e a seu potencial terapêutico.

Apesar de derivado da Cannabis sativa, nome científico da maconha, o canabidiol não é um composto psicoativo, ou seja, não tem efeito sobre o sistema nervoso. Estudo recente das universidades de Córdoba e de Dundee conseguiu demonstrar o mecanismo de ação para a atividade antioxidante dessa molécula. Veja só: atenuada, a maconha vem sendo usada para... produtos de beleza.

“O canabidiol atua sobre as diferentes células da pele para liberar seus antioxidantes. Foi descoberto que ele induz a expressão da heme oxigenase 1, enzima com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, nas principais células da camada superior da pele, chamadas queratinócitos”, afirma o farmacêutico Maurizio Pupo, pesquisador, consultor em cosmetologia e diretor de pesquisa e desenvolvimento da Ada Tina Italy.





De acordo com o estudo, a liberação dessa enzima é obtida graças à redução da proteína Bach1, que suprime a expressão da enzima. Pesquisadores conseguiram modificar a molécula para que ela tivesse mais uma ação antioxidante, desta vez ativando a proteína Nrf2. “Essa proteína controla a maneira como certos genes são expressos. Esses genes específicos ajudam a proteger as células contra o ‘estresse oxidativo’, estado em que o nosso corpo fica quando não consegue combater os efeitos nocivos dos radicais livres, levando a problemas como mutações no DNA celular, que podem favorecer o aparecimento de câncer de pele”, diz Maurizio Pupo.

Com essa molécula, os pesquisadores conseguiram uma dupla atividade antioxidante: suprimem a Bach1 e com ela induzem a expressão natural de antioxidantes; por outro lado, ativam o Nrf2, que induz a expressão de vários genes antioxidantes.

“De acordo com o estudo, isso oferece uma resposta antioxidante e inflamatória muito potente, mecanismo interessante para o tratamento de doenças de pele como a dermatite atópica, além de apresentar grande potencial de uso em cosméticos devido às propriedades antioxidantes”, diz o farmacêutico.





Com base nessa pesquisa, a equipe continuará modificando as moléculas para melhorar suas propriedades e, mais adiante, realizará estudos em modelos animais para entender seu potencial terapêutico no caso de dermatoses e de outras doenças inflamatórias.

Segundo Maurizio, apesar dos avanços oferecidos pelo canabidiol, existem muitas moléculas que, quando aplicadas topicamente, conferem o máximo efeito antioxidante. As principais são a vitamina C, a niacinamida, o resveratrol e a molécula difendiox.

De acordo com o farmacêutico, estudo publicado pelo British Journal of Dermatology destacou a vitamina C como importante antioxidante para proteger a pele dos danos causados pela radiação UVB e UVA, incluindo danos ao DNA celular e a própria vermelhidão pós-sol.





“No caso da niacinamida, estudo publicado no Journal of Photodermatology, Photoimmunology and Photomedicine revisou dados da ação quimiopreventiva desse ativo. A niacinamida, ou vitamina B3, aumenta o reparo do DNA, modula a reação inflamatória induzida pela radiação ultravioleta e reduz a imunossupressão induzida por essa radiação. Como a niacinamida reduz a incidência de queratose actínica e de câncer de pele não melanoma em indivíduos de alto risco por reparar o DNA danificado de melanócitos, podemos dizer que a niacinamida é um promissor agente quimiopreventivo do melanoma em paciente de alto risco”, afirma Maurizio.

Já o resveratrol é altamente utilizado por conta de seu elevado poder antioxidante natural, sendo capaz de prevenir e até tratar doenças devido ao seu poder antioxidante, anti-inflamatório, estimulante da expressão de sirtuínas e protetor dos telômeros.

Por fim, o especialista destaca que a molécula patenteada difendiox é um blend concentrado de 14 polifenóis da oliva. “Esses polifenóis presentes na matéria-prima exclusiva difendiox (defesa antioxidante) modulam a imunidade, oferecendo proteção biológica para a pele contra o sol. Se a imunidade estiver reduzida, a homeostasia (equilíbrio) será mantida. Por mais que você tome sol, esteja estressado emocionalmente ou tenha alguma doença, os polifenóis manterão em equilíbrio a imunidade de sua pele”, finaliza Maurizio Pupo.