Mais dos absurdos que os órgãos públicos tentam fazer, impedindo acesso por parte da população a medicamentos importantes, a custo baixo, provavelmente pressionados pelas grandes empresas farmacêuticas, ou mesmo pelo governo, uma vez que poderão perder na arrecadação de altos impostos de importação. Vejam o que tomamos conhecimento.
Todo mundo sabe ainda não existe cura para o mal de Alzheimer. No final de fevereiro, foi divulgado, para alegria geral, que a vacina contra a doença, que está sendo desenvolvida na Califórnia, nos Estados Unidos, chegou à fase 3 e começará a ser testada em humanos. Mas ainda levará um bom tempo para sua finalização, aprovação e distribuição. Enquanto isso não ocorre, as famílias que têm entes queridos portadores da doença vão tratando pela medicina convencional, ou melhor, controlando a doença para retardar o seu avanço e minimizar o efeito devastador.
Infelizmente, cada caso é um caso e responde de uma forma. A maioria dos pacientes tem episódios de irritabilidade e alguns deles, nesses momentos, chegam a agredir fisicamente cuidadores e familiares. Certa vez, José Salvador Silva disse à coluna que essa doença é ótima para o paciente – que sai do mundo e não tem mais problemas, e como a doença não causa nenhum tipo de dor, ele fica bem –, mas péssima para os familiares, que veem a degeneração da pessoa, veem essa pessoa deixar de existir, ainda vivendo. Só quem passa por isso sabe o quão difícil é.
Pois bem, Cláudia, uma leitora da coluna, é filha de Francisquinha, e sua mãe sofre do mal de Alzheimer há 11 anos. Tomou por oito anos a medicação tradicional, que não é inovada há 15 anos, e não estava mais fazendo efeito. Sua mãe já estava com grave declínio cognitivo, estava com a marcha comprometida, sono péssimo e o humor, então, indescritível. Cláudia começou a pesquisar sobre novidades na área e descobriu que o óleo de canabidiol já estava sendo usado para portadores de Alzheimer.
Ela procurou um médico e ele confirmou que a medicação tradicional não conseguiria mais retardar o avanço da doença e prescreveu o óleo, que é importado. Deu toda a papelada, ela deu entrada na Anvisa e, em 60 dias, recebeu autorização de importação do óleo Charlotweb, que custa R$ 1,8 mil o vidro. Sua mãe usou o óleo por um tempo e o resultado foi surpreendente. O problema é que ela não tinha condições financeiras de adquirir o óleo importado, uma vez que ele não é barato e ainda incidem sobre seu preço as altas taxas de importação.
Foi aí que ela descobriu a Associação Abrace Esperança, muito séria, que faz o plantio, a cultura e fabrica o óleo de cânabis. Vende, por R$ 380, o vidro de 100ml, que dá para dois meses de tratamento. A Abrace fabrica o óleo com percentuais diferentes de concentração para cada caso. Não é fabricado um só e pronto. O trabalho é feito quase individualizado. São diferenciados pela cor no rótulo. Francisquinha já toma o óleo laranja há quase um ano. Não está mais agressiva, fala, canta, dança. Cláudia sabe que a mãe não tem cura, tem ciência de que ela não voltará ao convívio social normal, mas só de estar tranquila, falando, andando, convivendo pacificamente já é maravilhoso.
Tudo isso seria perfeito, e uma ótima possibilidade para vários pacientes da doença, não fosse pelo fato de a Anvisa entrar com ação para impedir a Abrace de produzir o óleo. Um remédio que atende a mais de 14 mil famílias que já fazem uso desse óleo. Pelo que a leitora informou, a ação da Anvisa se dá por ela estar com um preço de liberar para o SUS a autorização para prescrição do óleo, vendido na farmácia por R$ 2 mil. Ou seja, mais caro que o importado e por esse valor é possível comprar cinco frascos do óleo da Abrace. Vale ressaltar que a Abrace vende frascos de vários tamanhos para atender famílias de baixa renda.
Caso isso ocorra, a Abrace terá que fechar as portas. É importante ressaltar que o óleo de canabidiol atende também pessoas que sofrem de epilepsia, mal de Parkinson, autismo, câncer. São diversas comorbidades sofridas por crianças, adolescentes e adultos. Não dá para entender. Por que não deixar os dois produtos no mercado?