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Alerta: pandemia continuará influenciando resultados oncológicos

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Desculpe, leitor, uma vez mais usar minha experiência de vida para servir de exemplo a exames que são considerados banais entre profissionais, mas atormentam quem deve se submeter a eles, como a colonoscopia, por exemplo. Por questões de saúde, já fiz esse tipo de exame não sei quantas vezes; pior mesmo – é brincadeira – é injeção na veia. E esse tipo de exame é muito recomendado para quem se preocupa em cuidar da saúde, ter acesso a diagnósticos precoces como recomenda a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica  (SBCO). A orientação é que os pacientes oncológicos mantenham esse cuidado no tratamento e rotina de exames. Isso porque, em 2020, reduziu o número de casos diagnosticados e aumentou a proporção de pacientes com doença avançada e sem cobertura de saúde no Brasil.





No momento em que o Brasil apresenta a maior média móvel de mortes diárias por COVID-19 e São Paulo anuncia a entrada na fase vermelha por duas semanas, a SBCO alerta para a importância de, respeitando as evidências científicas e recomendações de controle da pandemia, as pessoas manterem o cuidado com a saúde referente a outras doenças e, no caso especial do câncer colorretal, que os serviços mantenham a rotina de realização de exames de colonoscopia, primordial para retirar pólipos (lesões pré-malignas).

De acordo com o cirurgião oncológico Alexandre Ferreira Oliveira, presidente da SBCO, o objetivo é evitar que se repita o cenário observado em 2020, de casos não diagnosticados ou descobertos em fase mais avançada. Em um serviço de São Paulo que é referência em oncologia na América Latina, houve redução de 46,3% dos novos casos diagnosticados de câncer colorretal entre março e julho em comparação com o mesmo período de 2019. O número de pacientes diagnosticados caiu de 108 no período referente a 2019 para 58 em 2020.

O dado foi publicado na revista científica Journal of Surgery, da Oxford Academic. O autor principal do estudo, Samuel Aguiar Junior, cirurgião oncológico e membro do Comitê de Cirurgia Minimamente Invasiva da SBCO, alerta que a pandemia continuará influenciando os resultados oncológicos, como consequência de apresentação tardia da doença e dificuldade em fornecer investigação diagnóstica e tratamento neste momento em que os hospitais estão sobrecarregados por conta da necessidade de cuidados com os pacientes com COVID-19.





Alexandre Ferreira Oliveira ressalta a importância de intensificar o diálogo com a sociedade para que as pessoas, respeitando as diretrizes de distanciamento social, se mantenham atentas aos sinais do corpo e prossigam com a rotina de prevenção, diagnóstico e tratamento. “Serviços de referência estão estruturados para receber os pacientes com um fluxo seguro, reduzindo os riscos de contaminação por COVID-19”, afirma.

O câncer colorretal (intestino grosso e reto) é o segundo tumor maligno, excluindo o câncer de pele não melanoma, mais comum em homens e mulheres, atrás apenas, respectivamente, de câncer de próstata e mama. São 41 mil novos casos previstos para 2021, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Embora multifatorial, há uma forte ligação entre hábitos alimentares e incidência dessa doença. É um câncer que pode ser evitado com a realização do exame de colonoscopia, exame que é recomendado a partir dos 50 anos ou a partir dos 40 anos, caso haja histórico de câncer na família.

Por ser uma avaliação que exige sedação em ambiente hospitalar, foi um procedimento impactado pela pandemia de COVID-19, com alguns serviços com volume reduzido ou até fechados. De acordo com o levantamento Seer, do National Cancer Institute, dos Estados Unidos, quando a doença está restrita ao intestino grosso, as chances de cura superam os 90,2%. Por sua vez, quando há metástase, o percentual cai para 14,3%.





Para prevenir, recomenda-se a adoção de uma dieta que contemple o consumo de frutas e hortaliças, assim como evitar o consumo de alimentos processados e de bebidas alcoólicas, refrigerantes e outras bebidas açucaradas. Moderação também é a palavra-chave em relação à carne vermelha e alimentos calóricos e/ou gordurosos. Os demais fatores de risco são sedentarismo, obesidade e tabagismo. A hereditariedade representa entre 5% a 10% dos casos, sendo a síndrome de Lynch a mais prevalente. Há também a polipose adenomatosa familiar, que é quando os pacientes apresentam um maior número de pólipos, devendo ser submetidos mais frequentemente à colonoscopia.

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