A pandemia de COVID-19 instalou uma crise esmagadora e surpreendeu a civilização humana ao invadir rapidamente os territórios e se alastrar ao redor do mundo, gerando ameaças e grandes desafios à existência humana. Mas não foi a primeira vez que a humanidade esteve em perigo. Basta lembrar que, antes de sofrer com os efeitos da COVID-19, a sociedade teve que superar a peste negra, a gripe espanhola e o H1N1.
Agora, ao enfrentar uma ameaça real de um micro-organismo “invisível”, que produz tensão emocional e provoca mudanças que repercutiram em múltiplas dimensões da vida de cada ser humano, “o vírus tem ameaçado diretamente a independência, a autonomia e o senso de controle da própria vida da maior parte da população mundial”, revela o pós-doutor em educação eletrônica, psicanalista, licenciado em filosofia e teólogo Italu Colares. Ele observa que, diante desse cenário difícil, a solidão, o isolamento social, está ‘enlouquecendo’ as pessoas”.
Pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) descreve que o número de pessoas com depressão aumentou de 4,2% para 8% entre março e abril de 2020, e que o número de pessoas com ansiedade se elevou de 8,7% para 15%. O estresse elevou também os níveis de irritabilidade, provocou alterações do sono, aumento do consumo de tabaco, de álcool e de outras substâncias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) faz importante alerta para o fato de que os efeitos danosos à saúde mental das pessoas frente à grave crise que vivemos tem sido extremamente preocupante e chama a atenção dos governantes e da sociedade civil para a necessidade de aumentar o investimento em serviços de saúde mental, por ser parte importante da saúde e bem-estar geral.
“Somos seres sociáveis e temos a necessidade de nos relacionar uns com os outros”, afirma o psicanalista. “Além de estar enclausurados, a solidão nos remete mais ao passado, nos lembrando dos nossos traumas e paúras, de maneira que isso afeta o convívio com nossos familiares. Como dizia Freud: vivemos o passado no presente. O cenário atual tem aflorado os problemas familiares”, reforça.
Mas como a humanidade deve lidar com essa situação? Segundo o filósofo, devem-se seguir alguns apontamentos diante do cenário atual:
1. Interaja com as pessoas – “A sociologia, assim como a psicologia, aceitam isso como padrão. Somos seres sociáveis. Precisamos de interação social. Precisamos interagir. Freud acreditava na cura por meio da fala. Mas como fazer isso diante do quadro atual? Devemos usar a tecnologia disponível ao nosso favor para interagir, conversar e nos relacionar com as pessoas queridas que estão distantes de nós por meio da internet. Isso será de grande valia. Também é o momento para que as famílias interajam em suas casas e desliguem os dispositivos eletrônicos e se relacionem ao máximo.”
2. Procure fazer coisas de que gosta dentro das atuais limitações – “Há quanto tempo você não faz aquele bolo de que tanto gosta? E aquele idioma que todo ano diz que vai aprender e só protela? Há quanto tempo não brinca com o seu filho? Há quanto tempo não lê um livro? Pense nas coisas de que gostaria de fazer e faça com as limitações impostas neste novo tempo.”
3. Não deixe os protocolos sanitários – “Por mais que esteja difícil, não deixe os cuidados de lado. Mantenha-os para que assim você possa viver e não ser atingido por esse vírus letal.”
4. Meditação – “A meditação, no passado, era algo praticado exclusivamente por budistas, monges tibetanos, cabalistas e orientais. Hoje, empresários e profissionais liberais a têm praticado por reconhecer a sua eficácia. Usufrua disso. No YouTube, tem vários áudios disponibilizados para meditação. Fazendo a meditação, você poderá se conhecer mais e também entenderá coisas que no estado de alerta muitas vezes você não entende.”
5. Apego espiritual – “Jung proporcionou grandes contribuições para a psicologia analítica. Ele acreditava que o homem tem, além de um inconsciente individual, um inconsciente coletivo. Em diversos dos seus trabalhos, desenvolveu uma ligação muito forte com a espiritualidade, demonstrando assim o trabalho terapêutico que tem a religião e a espiritualidade. Em que você acredita? Exercite isso. Ore, fale com o divino, medite, com certeza isso fará com que você esteja muito mais saudável emocional, psicológicae até fisicamente, pois essas atividades provocam reações bioquímicas em nosso corpo.”