Jornal Estado de Minas

SAÚDE

Fique atento à automedicação, perigo que se tornou uma verdadeira mania

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Antes que os leitores se confundam, a jornalista Anna Marina, titular desta coluna, saiu de férias, e a partir de hoje passarei a substituí-la.

Todo mundo sabe que automedicação é um perigo, mas, mesmo sabendo, as pessoas tomam remédio por conta própria. Eu mesma faço isso. Tenho um grande amigo hipocondríaco. Na verdade, ele não tem mania de doença, tem medo de qualquer uma delas e a necessidade de saber tudo sobre todos os medicamentos. Está sempre por dentro das novidades do setor. Saiu medicamento novo? Pergunta para ele. Sabe tudo: de complementos vitamínicos ao mais complexo dos remédios. Como ele, tem muita gente por aí.





As coisas que tomamos e são eficazes viram indicação na ponta da nossa língua. Já sofri muito com enxaqueca – quando alguém fala que também sofre desse mal, dou a receita na hora, como “médica formada”. Todo mundo indica um “bom medicamento”, acabamos comprando e experimentando. O problema é que, às vezes, sem percebermos, eles atrapalham o nosso organismo. Vejam o que eu passei:

Todo mundo que faz cirurgia bariátrica deve tomar complementação de vitaminas pelo resto da vida. Logo que fiz a cirurgia, uma amiga que também operou me disse para tomar uma vitamina maravilhosa chamada DHEA, pois ela dá um “up” na gente para enfrentar o dia. Não tive dúvida: importei a tal vitamina e passei a tomá-la diariamente.

Nem li para que servia, porque me recuso a ler bula de remédio. Depois de lê-las, das duas uma: ou a gente desiste da medicação ou acha que vai morrer, de tanto efeito colateral descrito ali. E ainda tem a influência psicológica. A gente acaba achando que está sentindo alguns efeitos só porque lemos sobre aquelas possibilidades.

Outro dia mesmo, encontrei-me com uma colega de trabalho, também operada bariátrica. Disse que estava ótima, menos por causa de um remédio. Era justamente aquele que uso há anos no tratamento preventivo da enxaqueca. Nunca tive nada. Na mesma hora, ela falou: “Você não leu a bula? Pode dar perda de memória”... e mais isso, mais aquilo, desfiou um rosário. Por essas e outras, prefiro ficar na ingenuidade.





Só tive dois problemas com a bariátrica: unhas fracas e queda de cabelo. Com o tempo – operei há quatro anos –, a queda de cabelo diminui bastante. Melhorou, mas ele nunca voltou a ser como antes. Meu cabelo era bem mais cheio e pesado. Hoje está leve, mais fino, vive arrepiado, parece que levei um choque. Tenho de passar óleos nas pontas e às vezes até um pouco de fixador. Uma peleja, principalmente para quem nunca gastou tempo e preocupação com as madeixas, tão importantes para nós, mulheres.

Porém, as unhas continuaram fracas, quebradiças. Quebram na horizontal, na vertical, descamam. Nunca vi coisa igual, uma tristeza. Já tentei colocar unha e esmalte de gel, mas quando tiro o estrago fica maior.

No início de março, decidi fazer um lifting facial para tirar o excesso de pele no pescoço e face, por causa da idade e do grande emagrecimento. Fui ao doutor Ronan Horta, ele avisou que eu não poderia tomar hormônio na época da cirurgia. Fiquei tranquila, nunca fiz complementação hormonal. Mas com a pulga atrás da orelha, decidi checar se alguma das vitaminas tinha hormônio.

E veio a grande surpresa: DHEA não é vitamina, mas hormônio. Parei de tomar na mesma hora.

Nem a minha amiga sabia disso. Hormônio pode fazer bem para muita coisa, mas atrapalha outras. Não sei se pela combinação com outros medicamentos, ou se por ele mesmo, mas duas semanas depois de parar de tomar a tal “vitamina”, minhas unhas viraram outras. Cresceram e pararam de quebrar. Fiquei impressionada. Agora vou pensar dez vezes antes de tomar remédio sem indicação médica. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)




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